O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o inexistente "tratamento precoce" nesta quarta-feira (9/6) durante culto realizado em Anápolis e comparou remédios que não possuem comprovação científica em relação à covid-19 com as vacinas aprovadas pela Anvisa, afirmando que ambas são medidas "experimentais" contra a doença. O mandatário ainda voltou a falar em supernotificação de casos do vírus.
"Se retirarmos as possíveis fraudes, teremos em 2020 o país como aquele com menor número de mortos por milhão de habitantes por conta da covid. Que milagre é esse? O tratamento precoce. Quem aqui tomou a hidroxicloroquina? Levanta o braço. Querem prova maior do que isso? Eu tomei hidroxicloroquina, outros tomaram ivermectina, outros, em estado mais grave, alguns poucos, estão tomando porque é difícil encontrar no Brasil a proxalutamida", disse.
Os medicamentos citados por Bolsonaro, no entanto, são fortemente desaconselhados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O próprio ministro da Saúde do governo relatou na quarta-feira (8), durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, que hidroxicloroquina, cloroquina e ivermectina não têm eficácia comprovada contra covid-19.
Chás de casca de árvore
Bolsonaro fez uma segunda comparação dos imunizantes, desta vez, com chás que indígenas preparam na tribo quando acometidos pelo vírus. "Estive há três semanas visitando os tucanos e ianomâmis na região de São Gabriel da Cachoeira, e perguntei se os índios haviam sido acometido de covid nas duas etnias. Quase todo mundo, sim. E nas duas etnias, perguntei: "Quantos morreram?". "Nenhum". "Tomaram o quê?" Citaram três nomes de chá de casca de árvore. "Ah, não tem comprovação científica". E eu pergunto: a vacina tem comprovação científica ou está em estado experimental ainda? Está em estado experimental", apontou.
O presidente afirmou, então, "nunca ter visto ninguém morrer por tomar hidroxicloroquina". "Nunca vi ninguém morrer por tomar hidroxicloroquina, em especial na região amazônica para incidência de malária, lúpus. Por que não investir nisso, por ser barato? Interessa viver em cima de mortes para se ganhar mais recursos? Quem é que mata gente? Quem manda o dinheiro que sou eu ou quem desvia o dinheiro na ponta da linha?", questionou em mais uma indireta a governadores.
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