CPI da Covid

À CPI, Elcio Franco diz desconhecer existência de "gabinete paralelo"

Comissão está apurando a existência do referido gabinete, que seria um assessoramento paralelo que alimentaria o presidente Bolsonaro com informações negacionistas no combate à pandemia do novo coronavírus

Sarah Teófilo
postado em 09/06/2021 17:06
 (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
(crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco afirmou, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, no Senado, nesta quarta-feira (9/6), que desconhece a atuação do chamado “gabinete paralelo”. A CPI está apurando a existência do referido gabinete, que seria um assessoramento paralelo que alimentaria o presidente da República, Jair Bolsonaro, com informações negacionistas no combate à pandemia do novo coronavírus.

“Que eu tenha conhecimento, esse grupo não teve ação sobre a gestão do ministério ou das suas secretarias finalísticas”, disse, ao ser questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), alegando que nunca participou e nem tomou conhecimento do que era tratado pelo grupo. “Eu não sei o que o gabinete, esse gabinete que o senhor chama de paralelo tratava. Isso não chegava ao ministério”, afirmou.

Na última semana, foi resgatado um vídeo publicado na página do Facebook do presidente Bolsonaro em setembro do ano passado, no qual o mandatário está em uma audiência no Palácio do Planalto com o grupo Médicos pela Vida e na presença de outras figuras, como o deputado federal Osmar Terra.

Em determinado momento, Terra é chamado de ‘padrinho’ por um dos presentes. Ele também foi chamado pelo mandatário de “assessor”, quando Bolsonaro afirmou que pediria para ele ir conversar com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello sobre o que era discutido na reunião. Terra reduziu a crise sanitária durante toda a pandemia, e chegou a ser cotado como possível ministro da Saúde.

O virologista Paulo Zanotto também estava no local, e sugere no vídeo a criação de um “shadow board” (conselho das sombras, em tradução literal). “A minha sugestão, até enviei para o Executivo e em uma carta para o Weintraub, o Arthur, talvez fosse importante montar um grupo, a gente poderia ajudar. Não vou fazer parte desse grupo, não sou especialista em vacina, mas gostaria de ajudar o Executivo a montar um shadow board”, afirmou.

Em seguida, ele completa: “Como se fosse um 'shadow cabinet' (gabinete das sombras). Esses indivíduos não precisam ser expostos, digamos assim, à popularidade, essas pessoas que são destruídas pela imprensa”.

Respostas

Questionado sobre oportunidades em que esteve com a médica Nise Yamaguchi, defensora do uso da hidroxicloroquina contra covid-19 e apontada como integrante do referido grupo, Elcio Franco diz que teve contato com ela uma ou duas vezes no Ministério da Saúde, e que a orientou a tratar do assunto levado por ela no Ministério da Ciência e Tecnologia.

Sobre Paolo Zanotto, disse não se lembrar, e sobre o tenente-médico Luciano Dias Azevedo, da Marinha, alegou não saber de quem se trata. Ao citar o ex-assessor especial da Presidência Arthur Weintraub, irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, Franco afirma tê-lo encontrado em uma cerimônia no Palácio do Planalto; sobre Carlos Wizard, alega que o conhecia porque ele estava na iniciativa de empresários para aquisição de vacinas a suas empresas; já o deputado Osmar Terra, segundo o ex-número 2 da pasta da Saúde, esteve no ministério para tratar de emendas.

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