O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar nesta quarta-feira (9/5) que há supernotificações de casos de covid-19 no Brasil. A declaração foi feita a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. Segundo o mandatário, o registro de casos do tipo podem chegar a 45%. Ele voltou a citar o Tribunal de Contas da União (TCU), que desmentiu a existência de um documento oficial que trate de mortes pela doença.
“E aí, tá muita polêmica ainda a lista, o acórdão, muita polêmica ainda ou já acalmou isso daí? O TCU fez dois acórdãos, não sei porque tiraram do ar, dizendo que o critério mais importante para mandar recursos para estados são as notificações de covid. O próprio TCU disse que essa prática poderia não ser a mais salutar, porque incentivaria supernotificações. Alguns governadores, para poder receber mais dinheiro, notificavam mais mortes por covid”, apontou.
“Vocês devem ter visto na internet a quantidade de pessoas revoltadas que o parente não havia morrido de covid e botavam no atestado de óbito 'covid'. Isso, pelo que tudo indica, é um forte indício que tivemos supernotificações no Brasil”, continuou.
“No meu entendimento, sim, tivemos supernotificações no Brasil. Alguns governadores praticaram isso aí. Em consequência, tem gente querendo desqualificar o que estou falando para não incriminar governadores”, emendou, sem provas. "Agora, uma coisa é real: segundo os estudos ali, são estudos estatísticos, não conclusivos, a supernotificação pode chegar a 45%, quase metade”, alegou.
Na segunda-feira, Bolsonaro se baseou em um documento não oficial, um 'estudo paralelo' de caráter pessoal do auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques apontando que metade das mortes pela covid-19 no país não ocorreu. A presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministra Ana Arraes, autorizou a abertura de processo administrativo disciplinar contra Marques. Ele já foi destituído de suas funções de supervisor no Núcleo de Supervisão de Auditoria do tribunal. No lugar dele vai assumir Fábio Mafra.
Na terça-feira (8), o presidente admitiu que os dados citados por ele com “base em estudo do TCU” são falsos. “A tabela quem fez foi eu, não foi o TCU. O TCU não errou em falar que a tabela não é deles. A imprensa usa para falar que fui desmentido, o tempo todo é assim”, disparou na ocasião.
Governadores
O mandatário ainda aproveitou para alfinetar governadores, acusando-os de terem insuflado os dados de covid a fim de receberem mais recursos. “Com supernotificações, alguns governadores tinham que justificar isso aí. Justificavam como? Com lockdowns, com toque de recolher, fechando o comércio, arrebentando com a população no Brasil, levando a morte por outros meios, através da depressão, suicídio, desespero, pessoas que não procuravam os hospitais, que tinham outras comorbidades, não procuravam por medo de contrair o covid”, disse.
Bolsonaro afirmou também que pediu um estudo sobre o assunto para a Controladoria-Geral da União (CGU). "É uma questão que eu já passei para a Controladoria-Geral da União para estudar isso daí, para nós buscarmos realmente uma maneira de salvar vidas, e não ficar agindo como aquelas pessoas lá, né. Não são todas, lá da CPI. Ali, agora, tem gênios sobre saúde, como Renan Calheiros (relator da CPI) e Omar Aziz (presidente da comissão), pelo amor de Deus”, ironizou.
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