O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), acusou, nesta segunda-feira (7/6), o governo federal e o presidente da República, Jair Bolsonaro, de serem os responsáveis pela morte de “pelo menos 80 mil brasileiros por omissão direta” em razão da demora de dois meses em dar prosseguimento às tratativas de aquisição de doses da vacina contra covid-19 junto à Pfizer.
Isso porque ficou comprovado — por meio de documento obtido pela Lei de Acesso à Informação (LAI) e divulgado pelo site “O Antagonista” — que a carta enviada pela Pfizer, em 12 de setembro, chegou até o presidente Bolsonaro, sendo recebida e respondida pelo Gabinete Pessoal do Presidente da República. A resposta foi protocolar, alegando que, em razão da natureza do assunto, o documento estava sendo direcionado ao Ministério da Saúde e à Casa Civil.
“Além dos 53 e-mails sem respostas, que foram encaminhados pela Pfizer ao governo brasileiro, o próprio presidente da República acusou o recebimento da carta” da Pfizer, disse Randolfe, emendando que o próprio mandatário “não deu importância a uma carta de uma farmacêutica responsável pela vacina com maior eficácia contra a covid-19 no planeta, neste instante”.
Em depoimento na CPI da Covid, o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, disse, em 13 de maio, ter enviado uma carta ao presidente Jair Bolsonaro e a ministros do governo reforçando a oferta de vacinas contra o novo coronavírus ao Brasil e pedindo urgência nas tratativas, mas só obteve sinalização para avançar nas negociações dois meses mais tarde.
O governo federal também recusou a compra, em agosto de 2020, de 70 milhões de doses da vacina da Pfizer, a US$ 10, cada, metade do preço oferecido a países desenvolvidos como Estados Unidos e membros da União Europeia.
As últimas revelações documentais, na avaliação de Randolfe, trazem “todos os elementos para reafirmar o que já sabíamos” e concluir pela responsabilização do presidente da República e de figuras aliadas ao mandatário por erros cometidos no enfrentamento à pandemia.
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