CPI DA COVID

CPI da Covid vai mirar na quebra de sigilos dos investigados

Os pedidos vêm em quatro pontos: telefônico, bancário, fiscal e telemático. Com a cessão dos dados é possível confrontar com os depoimentos prestados e os outros documentos oficiais obtidos

Bruna Lima
postado em 07/06/2021 06:00
 (crédito: Agencia Senado/Divulgação)
(crédito: Agencia Senado/Divulgação)

Neste primeiro mês de instalação, as peças mais importantes do alto escalão do governo federal fizeram suas contribuições à CPI da Covid e o próximo passo consiste em comparar depoimentos e documentos. Já com requerimentos de informação oficiais em mãos, o objetivo agora é aprovar pedidos de quebra de sigilos de comunicação e bancários.

Para o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), a análise dessas informações secretas são peças fundamentais para a construção do inquérito. “Já apresentei vários pedidos de quebra. Entendo que essa é uma ferramenta de investigação importante, podendo ser usada no começo ou no final dos trabalhos. Espero que (a quebra de sigilos) aconteça em breve porque, certamente, teremos dados muito importantes para o que estamos conduzindo”, explicou.

Os pedidos vêm em quatro pontos: telefônico, bancário, fiscal e telemático. Com a cessão dos dados é possível confrontar com os depoimentos prestados e os outros documentos oficiais obtidos. Por isso, são alvo dos requerimentos figuras que mais despertaram desconfianças quando estiveram na CPI — como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello — ou que têm proximidade com o presidente Jair Bolsonaro e são apontadas como integrantes de um suposto gabinete paralelo — como o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, o empresário Carlos Wizard Martins e o vereador Carlos Bolsonaro.

Se os sigilos forem quebrados antes do comparecimento das testemunhas à CPI, o material serve para embasar as perguntas dos senadores, fazendo com que os interrogatórios ganhem elementos mais consistentes para encurralar os depoentes. Se analisados depois, podem confirmar se a testemunha falou a verdade ou mentiu. “Muda a estratégia, mas não contamina o resultado final do que queremos: entender como se deu todo o processo de negociação e relacionamento que envolve o combate à pandemia, em especial compras de vacinas”, observou Vieira.

Pela cúpula da comissão, há consenso em se pautar a votação das quebras de sigilo. “Nossa pretensão é reunirmos e, entre outros assuntos, pautarmos esses requerimentos também”, afirmou o vice- líder da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Já o senador Marcos Rogério (DEM-RO), da base do governo, é contra a abertura dos segredos. “Só se tiver fundamento. Sem fundamento, não pode”.

Os alvos

» Fabio Wajngarten – ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social

» Ernesto Araújo – ex-ministro das Relações Exteriores

» Marcos Erald Arnoud – conhecido como Markinho Show, é
ex-marqueteiro do general Eduardo Pazuello quando esteve à frente do Ministério da Saúde

» Carlos Wizard – empresário e apontado como um dos responsáveis pela idealização do suposto
gabinete paralelo

» Carlos Bolsonaro – vereador e filho de Bolsonaro, apontado como articulador do suposto gabinete
de assessoramento paralelo

» Eduardo Pazuello – ex-ministro da Saúde

» Filipe Martins – assessor de assuntos internacionais do presidente Jair Bolsonaro

» Mayra Pinheiro – secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, conhecida como capitã cloroquina

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