O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo do presidente Jair Bolsonaro, disse nesta sexta-feira (4/6) que a decisão do Exército de não punir o general Eduardo Pazuello por participação em atos políticos é uma "desmoralização" e "ataque frontal à disciplina e à hierarquia". Segundo ele, "a politização das Forças Armadas para interesses pessoais precisa ser combatida". "É um mal que precisa ser cortado pela raiz".
Ontem, o Alto Comando do Exército divulgou uma nota encerrando o procedimento administrativo contra o general e ex-ministro da Saúde sob a justificativa de que Pazuello não cometeu “transgressão disciplinar” ao subir em carro de som e discursar em defesa de Jair Bolsonaro (sem partido).
"Não se pode aceitar a subversão da ordem, da hierarquia e da disciplina no Exército, instituição que construiu seu prestígio ao longo da história com trabalho e dedicação de muitos. Péssimo exemplo para todos. Péssimo para o Brasil", comentou Santos Cruz em suas redes sociais.
A decisão sobre Pazuello deve agora acelerar a discussão da PEC que veda aos militares da ativa a ocupação de cargo de natureza civil na administração pública, tema já defendido por Santos Cruz. No ano passado, o general da reserva falou em um evento que militares da ativa do governo deveriam ir para a reserva. Segundo ele, pelo número de militares e pelo posto que ocupam, a sociedade acaba “confundindo” e achando que há fusão de “imagem institucional e governamental”.
“Fica um vínculo até visual, porque ontem (o militar) estava em traje civil servindo ao governo e hoje está de uniforme comandando um alto escalão qualquer”, disse o general durante a live “Direitos Já! Fórum pela Democracia”.
Santos Cruz comparou a situação dos militares com a do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, que precisou pedir demissão da carreira de juiz para integrar o governo. “No meio militar você tem pessoas da ativa à disposição do governo. Ele continua na ativa. É muito melhor passar para a reserva.”
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