Senadores que compõe a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid rebateram, em nota, o pronunciamento realizado na noite desta quarta-feira (02/06) pelo presidente Jair Bolsonaro. Durante a fala, o mandatário relatou que o Brasil alcançou hoje a marca de 100 milhões de doses de vacinas distribuídas a estados e municípios e, segundo ele, é o quarto país que mais vacina no planeta. Ele afirmou ainda que, "neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados".
Os parlamentares criticaram a comemoração tardia do presidente em relação aos imunizantes e chamaram sua manifestação de "atrasada". "A inflexão do presidente da República celebrando vacinas contra a covid-19 vem com um atraso fatal e doloroso. O Brasil esperava esse tom em 24 de março de 2020, quando inaugurou-se o negacionismo minimizando a doença, qualificando-a de ‘gripezinha’", diz um trecho do documento.
Ainda segundo os senadores, o atraso do governo para conseguir as vacinas é "desumano e indefensável". Eles destacaram que o chefe do Executivo sabota a ciência, defende medicamentos não comprovados no tratamento da doença e estimula aglomerações. "Um atraso de 432 dias e a morte de quase 470 mil brasileiros, desumano e indefensável. A fala deveria ser materializada na aceitação das vacinas do Butantan e da Pfizer no meio do ano passado, quando o governo deixou de comprar 130 milhões de doses, suficientes para metade da população brasileira. Optou-se por desqualificar vacinas, sabotar a ciência, estimular aglomerações, conspirar contra o isolamento e prescrever medicamentos ineficazes para a Covid-19", emendaram.
"A reação é consequência do trabalho desta CPI e da pressão da sociedade brasileira que ocupou as ruas contra o obscurantismo. Embora sinalize com recuo no negacionismo, esse reposicionamento vem tarde demais. A CPI volta a lamentar a perda de tantas vidas e dores que poderiam ter sido evitadas", concluem.
A nota é assinada pelo senador Omar Aziz, que é presidente da CPI, pelo senador Randolfe Rodrigues, vice presidente da comissão, o senador Renan Calheiros, relator, os membros efetivos Tasso Jereissati, Otto Alencar, Humberto Costa, Eduardo Braga e os suplentes Alessandro Vieira e Rogério Carvalho.
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