Um dos integrantes da linha de frente do governo na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) nega que o depoimento da médica Luana Araújo tenha sido negativo ao governo. A infectologista prestou depoimento nesta quarta-feira (2/6), fazendo uma exaltação à ciência, refutando ideias como imunidade de rebanho natural e criticando o incentivo ao uso de medicamentos ineficazes contra a covid-19, como cloroquina e hidroxicloroquina, cuja utilização é incentivada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Com extenso currículo, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e com mestrado pela renomada Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, Luana foi indicada à secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 pelo próprio ministro Marcelo Queiroga, mas a nomeação não foi aprovada. Luana disse não saber quem a vetou ou qual o motivo, mas já foi publicizado que a ordem partiu do Palácio do Planalto.
Para Marcos Rogério, a presença da infectologista na CPI não é prejudicial ao governo, tampouco mostra ingerência política no Ministério da Saúde. “Precisa de uma CPI para provar que o presidente Bolsonaro não usa máscara? Precisa de CPI para provar que ele em algum momento fez a defesa da cloroquina?”, questionou.
O senador pontuou que CPI serve para apurar se houve ato administrativo que represente conduta ilícita, mas que a oposição quer "só ficar na narrativa". "‘Ah, o Bolsonaro estava sem máscara’. Precisa de CPI? O Brasil inteiro sabe que ele faz isso”, afirmou.
Marcos Rogério disse acreditar que o depoimento não acrescenta fato novo, tampouco provas. “Do ponto de vista dos fatos, existe o que acrescenta prova e o que não acrescenta prova; o que acrescenta apenas narrativa. Tem depoimento que vai alimentar narrativas. Quem trabalha narrativa anti cloroquina anti-tratamento precoce, em certa medida o depoimento dela vai nessa direção”, afirmou.
Para o senador, a participação de Luana na CPI não favorece e nem desfavorece o governo por se tratar de um depoimento técnico. "Ninguém conhece as razões pelas quais (ela) não foi nomeada. Fato de alguém ser nomeado ou não, não é objeto da CPI. Isso é um desvio de foco. Nos temas técnicos, nos questionamentos técnicos, ela foi muito firme nas respostas”, pontuou.
Conforme Marcos Rogério, a oitiva da médica “factualmente do ponto de vista da CPI, não acrescenta nada”, ainda que tenha levado informações técnicas. “Governadores, prefeitos, governo federal, todo ingrediente político faz parte. Agora, o que houve para ela não ser nomeada, não é do nosso conhecimento”, disse.
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