Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, nesta quarta-feira (2/6), a infectologista Luana Araújo, que ficou 10 dias no Ministério da Saúde, afirmou que “uma imunidade de rebanho natural dentro da Sars-Cov-2 e da covid-19 é impossível de ser atingida”. “Não é uma estratégia inteligente”, disse. De acordo com a médica, é possível fazer isso com a vacinação, porque consegue-se “induzir uma resposta ao mesmo tempo e muito mais sólida do que infecção natural, e num período de tempo mais curto”.
“Então, você consegue mobilizar aquelas pessoas e o sistema imunológico delas ao mesmo tempo e de forma mais clara. A gente atinge a imunidade de rebanho com vacina sem sofrimento. Eu não posso imputar sofrimento e morte a uma população simplesmente pensando em atingir uma imunidade de rebanho. Para mim, é muito estranho que a gente discuta esse tipo de coisa”, afirmou.
O depoimento de Luana foi antecipado pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), com mudança feita na noite da última segunda-feira (31/5). Muitos parlamentares souberam da alteração na manhã de terça-feira (1º), o que gerou críticas dos senadores da base. A intenção, com o depoimento da infectologista, é mostrar uma ingerência política no Ministério da Saúde, como dito na última terça por Aziz ao Correio.
Em sua oitiva, a médica infectologista está fazendo uma defesa da ciência e criticando o fato de ainda existir no Brasil discussões sobre medicamentos ineficazes contra a covid-19, como a cloroquina e hidroxicloroquina, e incentivos ao chamado “tratamento precoce”, que não existe no caso da doença. O que existe, como ressaltado por ela, é um acompanhamento inicial.
O depoimento vai na contramão do que foi dito na terça-feira pela médica Nise Yamaguchi, que incentiva durante toda a pandemia o uso desses medicamentos e diz ter sido uma “consultora eventual” do governo.
Copa América
Questionada sobre a realização da Copa América no Brasil, anunciada pelo governo federal, Luana afirmou que “o uso de protocolos rígidos ameniza riscos, mas não os anula”. “Acho que quando a gente toma uma decisão como essa tem que pesar prós e contras. Eu não acho que esse é o momento oportuno para esse tipo de evento. Se algum gestor me perguntasse a minha opinião nesse sentido seria essa: é possível usar protocolos que amenizem as circunstância, mas é um risco desnecessário de correr nesse momento”, disse.
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