CPI da Covid

Dispensada pelo governo, médica Luana Araújo revela que sofreu ameaças

Em depoimento na CPI da Covid nesta quarta-feira (2/6), médica revelou que, após deixar o cargo no Ministério da Saúde, que assumiu sem ser nomeada, sofreu tentativas de ter seu endereço revelado na internet

Luiz Calcagno
postado em 02/06/2021 12:58
 (crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)
(crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)

A médica Luana Araújo disse a senadores, durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, nesta quarta-feira (2/6), que sofreu ameaças pela internet. Segundo ela, após deixar o cargo de secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 no Ministério da Saúde, também houve uma tentativa de divulgar seu endereço na internet. A especialista, porém, minimizou os ataques e afirmou que agressões virtuais a infectologistas se tornaram comuns desde o início da pandemia.

Luana foi indicada ao cargo pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, por ter um perfil técnico. Dentre os posicionamentos da estudiosa está a aversão ao uso da cloroquina no tratamento à covid-19. Isso porque, como ela mesma vem afirmando na CPI, o medicamento não tem eficácia comprovada para tratar a doença. Além da tentativa de divulgação de seu endereço, a médica recebeu mensagens avisando para ela não sair de casa ou de agressores desejando a morte da depoente.

“Eu, como vários infectos (infectologistas) desde o começo da pandemia, sofremos diversas ameaças. ‘Não saiam de casa’, ‘tomara que você e sua mãe morram’. Isso foi parte preponderante do trabalho que a gente desenvolveu desde o começo. Isso é lamentável. Não pela minha segurança ou pelos colegas, mas pela perda de oportunidade de educação do nosso povo, de alteração dessa dor em crescimento”, afirmou.

Esclarecendo a população

O depoimento ocorre um dia depois de a pneumologista e oncologista Nise Yamaguchi, defensora da cloroquina, comparecer à CPI. Yamaguchi enfrentou sérias dificuldades na tentativa de defender o uso do medicamento contra a covid-19 e foi confrontada, em diversos momentos, por contradições no discurso. Luana, por sua vez, trabalhou no desenvolvimento de um site para esclarecer a população sobre o método científico e sobre a pandemia, com informações como a diferença entre vírus e bactérias e suas características, por exemplo.

Ela destacou a necessidade de ser claro com a população para que todos possam contribuir ativamente no combate à pandemia. “Quando você diz isso para as pessoas, elas começam a entender porque não existe papel de antibiótico numa infecção viral. A população não é nossa inimiga. Isso precisa ficar claro para as pessoas. A saúde pública não existe sem o povo”, alertou a médica.

Em seguida, Luana Araújo voltou a falar das ameaças. “Eu recebi várias. Antes dessa história toda (de assumir informalmente a secretaria no Ministério da Saúde). Durante (o trabalho na pasta), eu não prestei atenção em mais nada. Não entrei em mídia social, eu não tenho assessores, sou uma técnica que trabalha para isso. Depois (de ser avisada que não seria mais nomeada), já tentaram divulgar meu endereço na internet, que eu teria ligações com isso e com aquilo. Eu não tenho, então fica difícil”, explicou.

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação