Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, nesta quarta-feira (2/6) a médica infectologista Luana Araújo, que teve uma rápida passagem pelo Ministério da Saúde, afirmou que a politização da pandemia no Brasil afasta profissionais capacitados. Ela foi indicada ao cargo de secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 na pasta, mas 10 dias depois teve a sua saída anunciada. A nomeação não foi aprovada pelo Palácio do Planalto.
Conforme Luana, enquanto esteve no cargo, ela procurou pessoas dentro e fora da pasta para montar equipe, mas apontou que os maiores talentos não têm interesse de atuar no governo. “Infelizmente, por tudo que vem acontecendo, essa polarização esdrúxula, politização incabível, os maiores talentos que temos para trabalhar nessas áreas não estavam à disposição para trabalhar nessa secretaria”, afirmou.
Questionada pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), Luana reforçou que os grandes talentos não queriam trabalhar no governo. “Não estavam à disposição é: ‘tenho outras coisas que me são mais interessantes nesse momento’. É importante que seja dito porque temos cérebros incríveis nesse país. Eu abri mão de muitas coisas para ajudar meu país. Não precisava, mas fiz, e estou aqui. Acham que as pessoas de fato que tem interesse e competência para ajudar o país se sentem compelidas a aceitar esse desafio nesse momento? Não se sentem. então, infelizmente estamos perdendo”, disse.
Ciência
Conforme Luana, o objetivo da secretaria seria dar maior agilidade e precisão às informações sobre a pandemia para os gestores terem condições de atuar melhor. “A pandemia é uma estrutura dinâmica. A gente aprende todo dia e tem que se movimentar. Temos que antecipar problemas. A minha função e meu desejo era antecipar problemas, para não passar pelos problemas que passamos”, afirmou
Em sua fala inicial, Luana fez uma defesa contundente à ciência. “Ciência não tem lado. Ciência é bem ou mal feita. Ciência é ferramenta de produção de conhecimento e educação para servir à população, priorizando a vida e a qualidade de vida, com um objetivo maior. Essa distância ou oposição entre população e ciência não existe. A ciência deve ser incentivada, protegida. A existência de uma crise sanitária exige uma resposta igualmente intrincada, multifatorial”, afirmou.
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