Mesmo negando a existência de um gabinete paralelo de assessoramento ao presidente da República, Jair Bolsonaro, a médica Nise Yamaguchi, convidada da sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 desta terça-feira (1º/6), caiu em contradição ao admitir, por outro lado, que esteve presente em ao menos quatro reuniões com o mandatário, a fim de discutir os supostos benefícios de um tratamento precoce a base de medicamentos sem eficácia comprovada para tratar covid-19.
"Diretamente estivemos conversando com grupos de pessoas com o presidente da República, em torno de quatro, cinco vezes", afirmou Nise, incluindo, neste rol, a reunião pública em que diversos médicos foram reunidos para discutir sobre o tratamento precoce. Ela defendeu, por diversas vezes, a metodologia, incluindo o uso de cloroquina e definiu as posições contrárias como uma "tentativa de destruição de um tratamento que tem salvado vidas e tem sido necessário".
Ao que os senadores da oposição e da própria mesa de liderança da CPI têm definido como "gabinete paralelo" de assessoramento, Nise rejeitou a denominação: "Não é um aconselhamento, é uma interlocução". Ela defendeu, ainda, que o que existe é um "conselho científico independente e voluntário". Queríamos oferecer o conhecimento de uma forma organizada, sem o vínculo oficial". O grupo, que seria de 10 mil médicos, terminou enfraquecido, segundo a médica, porque "houve uma perseguição tão grande da mídia que acabou dissolvendo o grupo".
Além dos grupos de médicos, Nise citou a participação em reuniões do empresário Carlos Wizard e do ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social do Governo Federal, Fabio Wajngarten. Segundo ela, Wizard tinha um interesse social na ajuda e que o relacionamento de ambos se limitou à criação de um "conselho consultivo independente", enquanto Wajngarten fazia anotações para auxiliar a Presidência.
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