Em articulação constante para pautar projetos de interesse do governo na Câmara, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), dedicou a última semana a defender as reformas e a se autoelogiar — mesmo que implicitamente — na condução dos trabalhos. Na última declaração, feita no Twitter, nesta sexta-feira (28/5), Lira afirmou que o Congresso é “reformador e consciente de sua responsabilidade”.
“Contamos com um Congresso reformador e consciente de sua responsabilidade para com o país, acima de todas as turbulências pontuais. O Brasil é maior do que tudo e do que todos”, disse ele. “Por tudo isso, em respeito às vítimas, pelos brasileiros, pelo futuro do Brasil, temos de mudar o país para melhor, reformá-lo, desobstruir suas artérias. Reformar é a resposta do hoje para o amanhã”, continuou.
Lira também escreveu que o tempo julgará a atuação do Legislativo durante a crise. “Seremos medidos pelo tempo, no futuro, pelo que tivermos feito no presente. Pela tenacidade de não nos deixarmos paralisar. Pela clareza de olhar para além da tragédia e construirmos um legado”, pontuou. Ele ainda comemorou o fato de a Câmara ter aprovado cinco medidas provisórias na última quarta-feira (26), o que, segundo ele, destravou a pauta do Legislativo.
A atuação do presidente da Câmara tem sido alinhada com os interesses do governo federal. Com o apoio do Centrão, o governo tem conseguido, por meio de Lira, pautar projetos que ficaram parados por anos e votá-los sem que eles passem necessariamente pelo rito constitucional, que envolve a discussão de propostas em comissões.
Com a mudança recente do regimento interno, o poder da oposição também ficou limitado no que diz respeito à obstrução de projetos. Textos que tramitam em regime de urgência, por exemplo, não podem mais ser retirados de pauta.
Processos de impeachment
Paralelamente a isso, Arthur Lira tem procurado se posicionar no xadrez político demonstrando que não está 100% com o presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista à Rádio Bandeirantes na última quarta-feira, ele disse estar analisando processos de impeachment contra o presidente da República, mas afirmou que a maioria deles é “risível”, ou seja, sem chances de prosperar.
“Tem pedidos que são risíveis, que são inócuos. Então estamos observando de um por um, analisando de um por um para nos posicionarmos muito em breve sobre grande parte deles. Agora, é importante dizer que o ex-presidente da Câmara (Rodrigo Maia) teve muita responsabilidade quando, mesmo fazendo uma oposição velada ao presidente Bolsonaro, nunca ousou pautar nenhum dos 64, 65 pedidos que tinha porque não via justamente todo esse cenário previsível”, pontuou.
Ele também acredita que falta clima político para dar prosseguimento aos processos. “Eu sou muito cobrado porque dizem: ‘Ah, o senhor tem na sua gaveta mais de 110 pedidos de impeachment’. Nessa questão, a gente tem que ter a responsabilidade de saber que o presidente da Câmara não faz impeachment. O impeachment se faz por diversas circunstâncias: quando você perde a capacidade política, a capacidade de gestão econômica, quando você cria no Brasil uma condição de desemprego absurda, com inflação incontrolável, quando o povo está na rua”.
Tais condições, para Lira, não são realidade no atual momento e, portanto, não se deve “instabilizar um país politicamente com uma ruptura política muito séria, que é a troca abrupta do presidente da República”.