CPI da Covid

Mayra Pinheiro diz que não foi possível prever falta de oxigênio no AM

Durante depoimento, nesta terça-feira (25/5), secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do ministério apresentou informações diferentes das prestadas à comissão pelo ex-ministro Eduardo Pazuello quanto à data em que a pasta tomou conhecimento do risco de desabastecimento do insumo no Amazonas

Em depoimento nesta terça-feira (25/5) à CPI da Covid no Senado, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como "Capitã Cloroquina", disse que não foi possível prever o desabastecimento de oxigênio nos hospitais de Manaus, onde, em janeiro, dezenas de pacientes com covid-19 morreram asfixiados por falta de acesso ao insumo. Ela também apresentou informações diferentes das prestadas por Pazuello à comissão quanto à data em que o ministério tomou conhecimento do risco da falta de oxigênio no Amazonas.

Questionada pelos senadores sobre a crise no estado, Mayra disse que, em razão do aumento de casos da covid-19 e da superlotação das unidades de saúde, não houve condições de se prever a falta de oxigênio. "Em Manaus, em uma situação extraordinária de nós não termos noção de quantos pacientes vão chegar ao hospital é impossível fazer uma previsão de quanto se vai usar a mais [de oxigênio]. O que eles tiveram foi uma constatação; passaram de 30 mil metros cúbicos para 80 mil metros cúbicos. Não considero que seja possível [prever o desabastecimento de oxigênio]", disse a depoente, que acrescentou que "não é do Ministério da Saúde a competência de cuidar do abastecimento do estoque e do fornecimento de oxigênio".

Horas depois, o senador Eduardo Braga (MDB-AM), titular da CPI, voltou ao assunto da crise em Manaus e questionou as informações que haviam sido prestadas pela depoente. "Hoje, pela manhã, a senhora disse que não conseguiu prever que faltaria oxigênio diante desse quadro. Como que uma técnica, com o nível de formação que a senhora tem, com toda a secretaria e com toda a assessoria do ministério presente na cidade de Manaus, constata esse quadro e não identifica que iríamos colapsar por falta de oxigênio?", cobrou o parlamentar do Amazonas. Mayra respondeu: "Não foi essa a informação que eu dei. O que eu disse é que nós não temos como prever a quantidade de metros cúbicos que nós vamos utilizar, até porque não é essa a nossa função. O Ministério da Saúde não faz o monitoramento [do estoque de oxigênio nos hospitais]".

Não satisfeito, Braga voltou a cobrar esclarecimentos da secretária. "A senhora acabou de fazer um relatório pormenorizado da situação, que eu concordo com vossa senhoria, de descalabro na atenção básica, no descalabro no atendimento hospitalar das pessoas desesperadas. A senhora não identificou que estava faltando ou na iminência de faltar oxigênio? As pessoas se agarravam nas pernas da senhora desesperadas, porque estavam jogadas no chão do hospital sem atendimento, doutora", criticou Eduardo Braga.

Contradição

Sobre a data em que o Ministério da Saúde foi informado do risco de desabastecimento de oxigênio no Amazonas, houve contradição entre o que disse a secretária nesta terça-feira e o que foi relatado à CPI pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, na semana passada. Mayra afirmou que foi informada do problema pelo próprio ex-chefe da pasta, em 8 de janeiro. Pazuello, por sua vez, havia dito à CPI que tomou conhecimento do risco de desabastecimento do insumo no Amazonas em uma reunião com o governador do estado, Wilson Lima (PSC), e com o secretário estadual de Saúde, na noite de 10 de janeiro.

"Tem uma falha de informação. Eu estive em Manaus até o dia 5, eu voltei. O ministro teve conhecimento do desabastecimento de oxigênio em Manaus, creio, no dia 8, e ele me perguntou: 'Mayra, por que você não relatou nenhum problema de escassez de oxigênio? Porque não me foi informado'", disse a secretária do Ministério da Saúde.

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