A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid investiga neste momento as ações do governo federal no combate à pandemia e, para isso, tem ouvido autoridades, empresários e outros profissionais envolvidos nestes esforços.
Próxima de completar seu primeiro mês, a comissão tem uma duração inicial prevista de 90 dias.
Conforme os depoimentos vão se desenrolando, mais pessoas são convocadas como testemunhas e convidadas, para prestar esclarecimentos aos senadores.
Nesta quarta-feira (19/05), o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello faz o depoimento mais esperado na comissão.
Pazuello assumiu o ministério em maio do ano passado e foi demitido em março, sob fortes questionamentos sobre sua atuação na pandemia.
Explicamos a seguir quem também já foi chamado a depor e quando deverão comparecer à CPI.
- Direito ao silêncio: entenda o que STF garantiu a Pazuello e por que ele terá de ir à CPI mesmo assim
- Executivo da Pfizer confirma à CPI que governo Bolsonaro ignorou ofertas de 70 milhões de doses de vacinas
Depoimentos marcados
Mayra Pinheiro, secretária do Ministério da Saúde
A responsável pela secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde seguiu o exemplo de seu ex-chefe, Eduardo Pazuello, e também fez um pedido de habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal para garantir o direito de ficar calada e não produzir provas contra si mesmo em seu depoimento.
Mas o pedido foi negado pelo ministro Ricardo Lewandowski, que justificou que ela deve responder as perguntas dos senadores porque não é investigada, acusada ou ré em nenhum processo, diferentemente de Pazuello.
Pinheiro também não poderá interromper o depoimento unilateralmente. Será permitido que seja acompanhada por um advogado, mas ele não poderá interferir na reunião.
Em uma comissão controlada pela oposição e na qual a cloroquina se tornou o assunto mais recorrente, a secretária não deve mesmo ter momentos fáceis.
Ela ficou conhecida como "capitã cloroquina" pela defesa veemente que fez do uso desse medicamento em um suposto tratamento precoce contra a covid-19.
Pinheiro terá de explicar por que agiu assim mesmo sem haver evidências científicas do efeito da cloroquina contra o novo coronavírus e inclusive quando já se formava um consenso de que não funcionava e poderia até fazer mal se usada incorretamente.
Mayra Pinheiro será ouvida no dia 20, quinta-feira, a partir das 9h.
Convocados
Os requerimentos para que os nomes apresentados a seguir (em ordem alfabética) sejam ouvidos já foram aprovados, mas a data de seus depoimentos ainda não foi marcada.
Antônio Elcio Franco Filho, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde
O coronel da reserva foi o número dois na pasta durante a gestão de Pazuello. Cabia a ele conduzir as negociações com fornecedores do ministério.
Sua convocação foi feita sob a justificativa de que é preciso investigar a falta de uma coordenação federal no combate à pandemia, falhas no fornecimento de equipamentos e insumos, a compra de medicamentos para um suposto tratamento precoce, a compra de vacinas, entre outros temas.
Franco Filho continua no governo depois da demissão de Pazuello, como assessor especial da Casa Civil, hoje sob o comando do general Luiz Eduardo Ramos.
Dimas Covas, diretor do Butantan
O hematologista está à frente do instituto que desenvolveu, em parceria com a chinesa Sinovac, a vacina CoronaVac.
O ministério da Saúde, sob Pazuello, chegou a anunciar a compra de 46 milhões de doses desse imunizante no ano passado, mas a aquisição foi cancelada por ordem de Bolsonaro.
Os ataques do governo federal à China também são apontados como os motivos para as dificuldades enfrentadas pelo Butantan para receber insumos para produzir a CoronaVac, o que agravou a falta de vacinas no país.
Fernando Marques, presidente da União Química
A farmacêutica paulista tem um acordo com o governo russo para a produção e distribuição da vacina Sputnik V no Brasil.
O governo federal é acusado de ter cedido a pressões políticas do governo dos Estados Unidos para não comprar este imunizante.
A falta crônica de vacinas é apontada pelos críticos de Bolsonaro como uma das falhas mais graves do seu governo no combate à pandemia.
Flávio Cadegiani | Francisco Eduardo Cardoso Alves | Ricardo Dimas Zimmermann, médicos
Os três foram chamados para depor por serem defensores de um suposto tratamento precoce contra o novo coronavírus, mesmo sem haver evidências científicas sólidas de que os medicamentos usados têm esse efeito.
Hélio Angotti Neto, secretário do Ministério da Saúde
O médico está à frente da secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde.
Assumiu o cargo em junho do ano passado, após Pazuello se tornar ministro.
Nesta posição, teve um envolvimento direto no incentivo do governo federal à cloroquina e na compra de vacinas.
João Paulo Marques dos Santos, ex-secretário-executivo da Secretaria de Saúde do Amazonas
O governo do Amazonas é investigado porque teria ocorrido um superfaturamento na compra de respiradores.
Em sua denúncia contra o governador Wilson Lima (PSC), a Procuradoria-Geral da República afirma que Santos participou de supostas irregularidades.
Jurema Werneck, coordenadora do Movimento Alerta
É médica, diretora-executiva da ONG Anistia Internacional no Brasil e esta à frente de um esforço para consolidar dados sobre os impactos da pandemia no país.
Marcellus Campelo, secretário de Saúde do Amazonas
O secretário assumiu depois que a titular do cargo, Simone Papais, foi presa e exonerada sob acusação de superfaturamento na compra de respiradores no Estado.
O governador amazonense, Wilson Lima (PSC), é um dos cinco chefes do Executivo estadual que são investigados pela Procuradoria-Geral da República.
O vice-governador acusou Lima e Bolsonaro de testar em Manaus a estratégia de usar a imunidade de rebanho como forma de combate à pandemia.
Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz
À frente do instituto de pesquisa, que fica sob a alçada do Ministério da Saúde, Trindade esteve envolvida na produção da vacina de Oxford/AstraZeneca.
O governo federal é acusado de ter errado ao apostar todas as suas fichas neste imunizante, cujo desenvolvimento acabou atrasando após erros na fase de pesquisas.
Até hoje, a Fiocruz enfrenta dificuldades para seguir o cronograma de entrega de vacinas e tem reduzido e atrasado entregas por problemas no fornecimento de insumos.
- Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!