O ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello revelou, durante sabatina da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, desta quarta-feira (19/5), que o empresário e amigo pessoal do ex-gestor Carlos Wizard foi o responsável por sugerir um assessoramento de médicos de fora do Ministério da Saúde e que ele passou um mês prestando assessoramento pro bono à pasta.
Após o período em que Wizard atuou de forma extra-oficial, Pazuello lhe ofereceu o cargo de secretário de Ciências e Tecnologias da pasta. Segundo o ex-ministro, a posição seria conveniente por ter "muita ligação com a parte civil, com empresas". "(Carlos Wizard) Passou um mês ajudando, eu indiquei e, na análise da indicação, ele desistiu. A partir daí, se desvinculou da tarefa", afirmou o general.
O general contextualizou ter conhecido o empresário no contexto da Operação Acolhida, que era comandada por Pazuello. Por dois anos, Wizard e a esposa teriam atuado em atividades sociais, acolhendo os refugiados venezuelanos. "Se tornou um amigo e, quando fui chamado para cá, o puxei e pedi ajuda por ele ser um grande link entre o Ministério da Saúde e a compreensão da parte social, do público", justificou o depoente.
Uma única reunião
No contexto da participação de Wizard, o militar revelou que o amigo "por si só propôs reunir médicos aconselhadores. Eu confesso que eu não aceitei". Segundo o ex-ministro, houve uma única breve reunião, de 15 minutos, em que ele sentou para ouvir as ideias. "Não gostei da dinâmica da conversa e foi só uma vez [...]. Não tive assessoramento nem aconselhamento de grupo de médicos. Não gosto desse formato: um fala, outro grita. Não aceitei o formato de aconselhamento que ele tinha pensado".
Questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB/AL) se o grupo teria se reunido com o presidente da República, Pazuello disse desconhecer se o aconselhamento chegou até o mandatário. Disse, ainda, não acreditar que os médicos teriam aconselhado o uso da cloroquina no tratamento para pessoas com covid-19.