O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo enfrenta o interrogatório da CPI da Covid nesta terça-feira (18/5). O ex-chanceler deve responder sobre a política externa do governo Bolsonaro durante a pandemia do novo coronavírus, a relação com a China e o tratamento precoce.
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Fim de semana de preparação
Assessores do Palácio do Planalto passaram o fim de semana compilando informações para dar subsídio aos quatro senadores da CPI da Covid que atuam na linha de frente de defesa do governo. A finalidade é municiá-los para dois depoimentos que preocupam o presidente Jair Bolsonaro: do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, que ocorre hoje, e do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, marcado para amanhã e que causa mais apreensão.
Em relação ao depoimento de Ernesto Araújo, uma das estratégias será dizer que não cabia ao Itamaraty a aquisição de vacinas e que a compra estava difícil devido à conjuntura internacional.
Senadores vão questionar o ex-chanceler sobre as ações diplomáticas que foram executadas para assegurar o acesso do Brasil aos imunizantes. Também estão entre os alvos as desavenças públicas que teve com autoridades chinesas. Esses problemas diplomáticos têm sido apontados como obstáculos para o país receber os insumos necessários à produção de vacinas contra a covid-19.
Araújo também deve ser perguntado sobre o posicionamento adotado pelo Brasil, na Organização Mundial do Comércio (OMC), contra a quebra de patentes de imunizantes. Com essa decisão, o país rejeitou a proposta da Índia e da África do Sul, que defendem a quebra de patentes para que mais nações possam produzir vacinas e medicamentos genéricos contra o novo coronavírus — a Índia é uma das principais fontes de matéria-prima de que o Brasil precisa para produzir imunizantes. A postura do Itamaraty nessa questão, que inviabilizou um acordo na OMC, fez parte do alinhamento do atual governo com o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Outro assunto do interesse de senadores da CPI é a viagem que uma comitiva de 10 pessoas, chefiada por Araújo, fez a Israel entre 6 e 10 de março. Oficialmente, o objetivo foi conhecer um spray nasal contra o novo coronavírus, em desenvolvimento naquele país. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, fez parte da viagem, que ficou conhecida como “Covid Tour”.