COVID-19

Bolsonaro, guerra química e a imprensa: 'Eu não falei a palavra China'

Mais cedo, o presidente insinuou que o país asiático poderia ter criado o novo coronavírus em laboratório como arma para uma "guerra química". A China é o maior parceiro comercial do Brasil e fundamental no fornecimento de insumos para vacina

O presidente Jair Bolsonaro negou, nesta quarta-feira (05/05) ter se referido à China em discurso realizado pela manhã no Palácio do Planalto. Ele falou sobre o país asiático no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, após chegada do ex-motorista Robson ao Brasil.

“Eu não falei a palavra China. Eu falei a palavra China hoje de manhã? Eu não falei. Eu sei o que é guerra bacteriológica, guerra química, guerra nuclear. Eu sei porque tenho a formação. Só falei isso, mais nada. Agora ninguém fala, vocês da imprensa não falam onde nasceu o vírus. Falem. Ou estão temendo alguma coisa? Falem. A palavra China não estava no meu discurso de quase 30 minutos de hoje", alegou.

"Agora, muita maldade tentar aí um atrito com um país que é muito importante pra nós. E nós somos importantes pra eles também. Vocês que interpretaram", completou o mandatário.

Mais cedo, o presidente insinuou que a China pode ter criado o novo coronavírus em laboratório como arma para uma "guerra química". No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS), afirmou em março que o vírus provavelmente teve origem a partir do contágio direto de um animal para humanos. 

"É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou se nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês", completou o mandatário, sem mencionar diretamente o país.

Mal-entendido

Apesar dos sucessivos desgastes diplomáticos, o governo insiste em criar embaraços com a China. Na semana passada, foi a vez do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele relatou que a China "inventou" o novo coronavírus e, ainda assim, produziu uma vacina "menos eficiente" que o imunizante desenvolvido nos Estados Unidos. No dia seguinte, fez uma retratação pública sobre a declaração. O ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, contatou a embaixada chinesa e procurou desfazer o que Guedes chamou de “mal-entendido”.

A China é importante parceiro do Brasil no fornecimento de insumos para a produção de vacina. O Instituto Butantan aguarda a liberação de um lote de 3 mil litros de insumo da CoronaVac, previstos para chegar ao país em abril, para continuar a produção da vacina no país. Houve atraso na remessa. A expectativa é de que os insumos cheguem ao país até 15 de maio.