CPI da Covid

Calheiros: "Negligência na aquisição de vacinas forçou o país a pagar com vidas"

Em entrevista ao Correio, o senador Renan Calheiros, relator da CPI da Covid, comentou o depoimento do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, desta sexta-feira (27/5). Parlamentar também falou por alto sobre a confecção de um relatório preliminar dos trabalhos da CPI

Luiz Calcagno
postado em 27/05/2021 14:01 / atualizado em 27/05/2021 14:01
 (crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)
(crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito da covid-19, senador Renan Calheiros (MDB-AL), falou ao Correio sobre o depoimento do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e a respeito dos trabalhos da CPI. Para o parlamentar alagoano, as falas de Dimas Covas, que prestou depoimento nesta sexta-feira (27/5), sobre a leniência do governo federal em contratar vacinas ainda em 2020 são esclarecedoras. Segundo o depoente, os comentários do presidente Jair Bolsonaro contra o imunizante produzido pelos chineses, CoronaVac, atrasaram a produção nacional e tiraram do Brasil a possibilidade de ser o primeiro país a vacinar no mundo após a China.

O Butantan chegou a oferecer ao governo 100 milhões de doses em outubro de 2021. Foi justamente quando o então ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, foi desautorizado pelo presidente da República a dar continuidade à contratação. O próprio militar do Exército fez um vídeo ao lado do presidente no dia seguinte ao desmando afirmando que “um manda e o outro obedece”. Para Calheiros, as informações de Dimas comprovam que “negligência na aquisição de vacinas forçou o Brasil a pagar esse custo em vidas”.

O relator também falou sobre a produção de um relatório preliminar da CPI e  a convocação de Bolsonaro a depor, além de comentar o posicionamento de senadores da oposição e independentes após os depoimentos de Pazuello e da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do ministério, Mayra Pinheiro. Confira a seguir:

Qual o ponto mais importante da sessão desta quinta-feira com Dimas Covas?

“Eu acho que as informações, a comprovação de omissões, negligência na aquisição de vacinas, que forçou o Brasil a pagar esse custo em vidas. Ele (diretor do Butantan) trouxe informações precisas, com números, com impactos, com tudo. O depoimento dele é esclarecedor.

Há uma mudança de estratégia da oposição e de independentes após os depoimentos do general Pazuello e da secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro?

Ainda não. A comissão está seguindo bem, aprofundando a investigação, juntando depoimentos importantes, recebendo informações esclarecedoras. Nunca uma CPI em tão pouco tempo produziu resultados tão grandes como estes.

E sobre o relatório preliminar, quando sai?

A qualquer momento da investigação. Havendo necessidade de se fazer um relatório preliminar ou parcial, nós vamos fazê-lo. Mas, ele deve ocorrer necessariamente quando você esgotar algum aspecto da investigação. Sobre esse assunto, nós já acessamos as provas necessárias em uma ou outra direção. Nesses casos, faz o relatório preliminar, que é para não largar um assunto já esclarecido e apurado, no escaninho, para retomá-lo apenas no relatório final.

Foi equivocado tentar chamar o presidente Bolsonaro?

Eu acho que foi equivocada a decisão de chamar os governadores. Há uma vedação regimental, constitucional. É a mesma que existe com relação ao presidente.

E quanto à convocação do presidente da República?

Não tratamos disso.

Quando os prefeitos serão chamados?

Nós temos um plano e estamos seguindo esse plano. Qualquer decisão da comissão será por maioria de votos.

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