O gabinete do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, divulgou à imprensa uma lista com 11 falas da secretária de Gestão e Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, consideradas contraditórias pelo parlamentar. Entre os itens estão a crise de oxigênio em Manaus, orientação para o tratamento precoce e o uso da cloroquina e a plataforma TrateCov.
Segundo a lista, Mayra, conhecida como "Capitã Cloroquina", testemunhou falsamente ao dizer que o Ministério da Saúde, subsidiado pelas notas orientativas nº 9 e nº 17, apenas recomenda o uso do medicamento. "O documento 'Plano Manaus', assinado pelo Ministro (Eduardo) Pazuello, diz textualmente que deve incentivar o tratamento precoce". A depoente, em ofício encaminhado à Secretaria de Saúde, considera inadmissível não usar a cloroquina e demais remédios", argumenta o documento.
Na mesma linha, o aplicativo TrateCov também corrobora para a narrativa ao "indicar expressamente o tratamento". Mayra chegou a dizer que a plataforma foi hackeada e que não chegou a ser lançada. Depois, afirmou que o episódio se deu porque um um jornalista teria feito uma "extração indevida de dados" do protótipo do aplicativo que estava no ar. "Ele fez uma cópia da capa inicial dessa plataforma, abrigou nas redes sociais dele e começou a fazer simulações fora de qualquer contexto epidemiológico, causando prejuízos à sociedade, porque essa ferramenta, senhores, poderia ter salvado muitas vidas", afirmou a secretária.
Depois, ela confirmou que não houve nenhum roubo de dados, derrubando a fala do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello que, em oitiva na CPI, garantiu que a plataforma foi hackeada. Na lista de contradições de Calheiros, a depoente se contradisse, "e contradisse Pazuello, ao afirmar que a plataforma foi retirada do ar apenas para fins de investigação, sem que tenha havido deturpação (como declarou Pazuello) ou alteração (como ela mesma disse) da plataforma".
O relator também alegou ser falso testemunho a afirmação de Mayra de que levou em consideração os estudos sobre o uso de cloroquina e hidroxicloroquina. A verdade, segundo a lista, é que a testemunha "usou e recomendou o uso, porque, segundo suas próprias declarações contraditórias, as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) foram baseadas em estudos com qualidade metodológica questionáveis".
Confira a lista completa:
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