O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, senador Renan Calheiros (MDB/AL), afirmou, no início dos trabalhos desta terça-feira (25/5), que o "comportamento de algumas altas autoridades que testemunharam" até o momento possui "uma uma semelhança assustadora, terrível, tenebrosa e perturbadora" com depoimento do militar alemão Hermann Göring durante o Tribunal de Nuremberg, que apurou o genocídio nos campos de concentração do regime nazista.
"Trago essa reflexão em um momento em que colhemos um depoimento importante e deixo registrado como alerta para os futuros depoentes", justificou Calheiros ao usar o assunto antes de iniciar o interrogatório à testemunha do dia, a secretária de Gestão e Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra, Pinheiro, conhecida como "capitã cloroquina".
O relator afirmou que, em depoimento, Göring fornecia respostas "complexas e evasivas" para justificar ações de guerra, "negando tudo, enaltecendo (Adolf) Hitler, apresentando-se como salvadores da pátria, enquanto a história provou que faziam parte de uma máquina da morte", contextualizou Calheiros.
A estratégia de fala desagradou parlamentares da base do governo. O senador Fernando Bezerra (MDB/PE) se exaltou ao dizer que não se pode "querer comparar a situação que nós estamos enfrentando aqui com o genocídio que ocorreu na Alemanha". "O paralelismo é um absurdo", afirmou. O próprio presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), interveio dizendo que o exposto pelo relator "não pode ser usado como referência nenhuma a ninguém".
Calheiros afirmou que ainda não seria possível "comparar uma barbárie como o Holocausto com a tragédia da pandemia do Brasil, que ate hoje já matou mais de 450 mil pessoas"."Não podemos dizer que aqui ocorreu um genocídio. Não podemos dizer ainda".
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) havia criticado, na quarta-feira passada (20), também durante a CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que prestou depoimento à comissão por duas vezes. O parlamentar chegou a comparar o general ao nazista Adolf Eichmann que, julgado em 1962 em Israel, foi considerado um dos principais organizadores do Holocausto.
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