A CPI da Covid vai se debruçar, amanhã, sobre uma série de requerimentos que aguarda votação. A sessão dará um norte aos trabalhos da comissão. A expectativa é de que a base do governo tente a aprovação de pedidos de depoimentos de governadores, prefeitos e secretários de saúde, enquanto a oposição tem interesse em reconvocar o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e quebrar os sigilos dele e do ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten.
Ontem, senadores da base governista, entre eles o líder da tropa de choque do Planalto no colegiado, Marcos Rogério (DEM-RO), apresentam requerimento para convocar o ex-secretário-executivo do Consórcio Nordeste Carlos Eduardo Gabas, por conta da compra de respiradores para estados da região. “Os ventiladores pulmonares seriam distribuídos para hospitais públicos (...), contudo, o prazo de entrega não foi cumprido. (...) O valor do contrato firmado entre o Consórcio Nordeste e a Hempcare Pharma era de R$ 48,7 milhões. Até o início da operação policial, a empresa ainda não tinha devolvido a quantia recebida”, afirma o requerimento.
Já o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), relacionou especialistas defensores do tratamento precoce contra a covid-19, que inclui a cloroquina, droga sem eficácia comprovada no tratamento da doença, além do prefeito de Porto Feliz (SP), o médico Antônio Cássio Habice Prado. Segundo consta no pedido, “Porto Feliz se tornou referência no combate à pandemia do coronavírus e no tratamento preventivo, obtendo êxito extraordinário”. “O município adotou protocolo baseado nas experiências de Madri, Marselha e Bérgamo, oferecendo tratamento precoce de todos os pacientes com sintomas leves da covid-19, com diagnóstico clínico e tomográfico. De todos os pacientes tratados precocemente, nenhum evoluiu para tubo, respirador, UTI e óbito”, diz o texto protocolado na comissão.
“A convocação ou convite de governadores e prefeitos, acredito que deveremos chegar a um entendimento que permita a vinda de pelo menos um governador e um prefeito ou ex-prefeito de capital de cada região do Brasil”, opinou Bezerra ao Correio.
A oposição admite a convocação. Suplente da CPI da Covid e líder do PT, Rogério Carvalho (SE) afirmou que o primeiro a ser chamado deveria ser o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, que é do PL, partido que integra a base de Bolsonaro no Senado. “Alguns governadores podem ser convocados. Não tem problema nenhum. Devemos começar com o do Rio de Janeiro. Onde teve escândalo? Não foi no Rio? Mas podemos chamar vários governadores. Tem de ter fato conexo com a CPI. Não pode ser qualquer governador”, enfatizou.
Da ala dos independentes, Otto Alencar (PSD-BA) vai na mesma linha. “Se tem conexão, não tem por que não chamar. Não se pode fugir do fato determinado. Fiscalizar recursos federais desviados por corrupção. No Rio de Janeiro, o governador foi cassado, e o que está no cargo responde a processo. Santa Catarina, Amazonas, tem de ter fato conexo”, frisou. “No Rio de Janeiro, dois secretários foram pegos com dinheiro na mão. Pode deixar de chamar o Rio de Janeiro? O Izalci (Lucas, senador) quer chamar o do Distrito Federal. É outro caso. Se não teve a Polícia Federal, o governador não foi denunciado, como vão chamar?”, questionou.
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