O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello dificilmente vai escapar do indiciamento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 que apura ações e omissões do governo federal na pandemia. A situação do general se complicou ainda mais depois que ele participou, sem máscara e no meio da aglomeração, de ato político ao lado do presidente Jair Bolsonaro, no domingo (23/5), no Rio de Janeiro. O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse que o ex-ministro deve ser convocado para prestar novo depoimento ao colegiado e que, "se mentir de novo, poderá sair de lá algemado".
Senadores independentes e da oposição já estavam bastante irritados por causa do depoimento que Pazuello prestou à CPI na semana passada. Na ocasião, amparado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ele procurou blindar Bolsonaro e prestou informações que foram desmentidas por documentos e outras provas em poder da comissão de inquérito. O ex-ministro disse, por exemplo, que o presidente nunca o desautorizou a comprar a CoronaVac, vacina contra a covid-19 que é produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
A participação do general na manifestação de domingo foi considerada por senadores uma afronta à CPI e um desrespeito às famílias das cerca de 450 mil pessoas que morreram em decorrência da covid-19 no país. O ato reuniu centenas de motociclistas em um percurso de 60 km, entre as zonas oeste e sul da capital fluminense, e atraiu muitos apoiadores de Bolsonaro, a maioria deles sem máscara, como o próprio chefe do Executivo.
Omar Aziz vinha resistindo às pressões de senadores para que ele determinasse a prisão de depoentes acusados de faltar com a verdade em seus depoimentos à CPI. Foi assim com o ex-secretário de Comunicação do governo, Fábio Wajngarten, cuja oitiva foi marcada por uma série de contradições. Na ocasião, Aziz argumentou que a comissão poderia perder a credibilidade e acabar caso uma prisão fosse determinada logo no início das investigações. Agora, em relação a Pazuello, o senador passou a admitir a possibilidade da adoção dessa medida extrema.
“Não posso afirmar que vou prendê-lo [Pazuello], mas pode ter certeza que, se ele mentir… Se ele tiver um habeas corpus, eu não poderei prendê-lo. Manda ele sem habeas corpus lá, ele não vai brincar mais com a CPI e a população brasileira”, afirmou o senador, nesse domingo, em entrevista ao portal UOL. Ele também disse concordar do vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que disse que Pazuello é "um forte candidato a indiciamento na CPI".
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