ELEIÇÕES

Lula confirma candidatura para enfrentar Bolsonaro

Correio Braziliense
postado em 21/05/2021 00:03 / atualizado em 21/05/2021 00:03
 (crédito: Isac Nóbrega/PR)
(crédito: Isac Nóbrega/PR)

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva confirmou, pela primeira vez, que é pré-candidato à eleição de 2022, após ter recuperado os direitos políticos por decisão do Supremo Tribunal Federal. “Serei candidato contra Bolsonaro”, disse à revista francesa Paris Match.
“Se estiver na melhor posição para ganhar as eleições e estiver com boa saúde, sim, não hesitarei. Penso que fui um bom presidente. Criei laços fortes com a Europa, América do Sul, África, Estados Unidos, China, Rússia. Sob meu mandato, o Brasil tornou-se um importante ator no cenário mundial, notadamente criando pontes entre a América do Sul, África e os países árabes, com o objetivo de estabelecer e fortalecer uma relação entre países do Hemisfério Sul e demonstrar que o predomínio geopolítico do Norte não era imutável”, disse o ex-presidente, questionado se será candidato no ano que vem.


Na última terça-feira, Lula usou o Twitter para fazer afagos ao Centrão e até comentários elogiosos sobre adversários políticos, como Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Ciro Gomes (PDT). Também falou de bandeiras que defende para o Brasil, mas ainda sem citar uma eventual candidatura.
“Semana passada, em Brasília, falei com mais de 60 políticos, de vários partidos. Semana que vem, vou conversar com os movimentos sociais, intelectuais e com o movimento sindical. Quero conversar muito. Quem faz política conversa. Dono da verdade, carrancudo, não serve para política”, escreveu.
Em abril, o Supremo Tribunal Federal decidiu derrubar as condenações impostas pela Lava-Jato ao ex-presidente. O plenário manteve a decisão do relator da Operação, ministro Edson Fachin, que considerou, no mês passado, que a Justiça Federal de Curitiba não era competente para investigar Lula, já que as acusações levantadas contra o ex-presidente não diziam respeito diretamente ao esquema bilionário de corrupção na Petrobras investigado pela operação. O ex-presidente voltou a dizer que foi vítima de uma conspiração para que não fosse eleito em 2018.


“Em meu primeiro depoimento, disse ao juiz (Sergio) Moro: ‘Você está condenado a me condenar porque a mentira foi longe demais, e você não tem como voltar atrás’. Na verdade, essa mentira envolveu um juiz, promotores e a grande mídia do país, que me condenaram antes mesmo de eu ser julgado. O que eles não sabiam é que estou pronto para lutar até o último suspiro para provar que se uniram para me impedir de ir às eleições”, disse.

Reação

Bolsonaro, porém, parece sentir os efeitos de ter de enfrentar Lula na corrida presencial. Ontem, voltou a atacar o ex-presidente durante evento em Santa Filomena (PI), para inauguração de uma ponte que liga os estados do Piauí e do Maranhão. Chamou o petista de “bandido que não tem um dedo”.


“Um bandido aí, que não tem um dedo, falou há pouco que ia dar auxílio emergencial de R$ 600 para todo mundo. Por que não fez, lá atrás, com o Bolsa Família? Hoje em dia, a média do Bolsa Família é R$ 190. Estamos trabalhando para que suba porque sabemos que houve inflação, que aumentaram os preços. Mas isso passa pela não destruição do emprego, pelo não fechamento do comércio, pela coragem de decidir ao lado da realidade”, salientou.


E acrescentou: “Fizemos o possível. De auxílio emergencial, ofertamos a 65 milhões de pessoas, mais do que os oito anos do primeiro governo do PT somado com a meia dúzia daquela senhora”, falou, referindo-se aos governos petistas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff”, atacou.


Na mais recente pesquisa do Datafolha, divulgada no último dia 12, Lula aparece à frente de Bolsonaro na corrida presencial. O petista também ganharia de nomes como Moro e João Doria, em um possível segundo turno.

“Namoro” com o PP

Em busca de um partido para disputar a reeleição, o presidente Jair Bolsonaro anunciou, ontem, que está “namorando” o Progressistas. Durante a inauguração de uma ponte ligando o Piauí ao Maranhão, o presidente disse ter sido convidado pelo presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), para se filiar.


“Fui do PP (sigla pela qual o Progressistas também é chamado) por muito tempo. Ele não está apaixonado por mim, mas está me namorando. Quem sabe, se ele souber conversar, for bom de papo, a gente volte”, disse.


Desde que percebeu as dificuldades para a formação do Aliança para o Brasil, Bolsonaro fez negociações com o PRTB, com o Democracia Cristã e com o Patriotas. A última movimentação se deu com os herdeiros de Levy Fidelix, ex-presidente do PRTB — mesmo partido do vice-presidente Hamilton Mourão —, mas não avançaram.


O presidente aproveitou a entrega da ponte sobre o rio Parnaíba para atacar quem defende o isolamento social contra o coronavírus. “Quando apareceu aquele vírus, aqueles imbecis engravatados diziam: ‘vão ficar em casa todo mundo, a economia fica para depois’. Grande parte dos brasileiros vive na informalidade. Foram esquecidos por estes que mandaram fechar o comércio e destruíram milhões de empregos”.

 

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