CPI da Covid

Pazuello: Bolsonaro fala no improviso e declarações precisam ser corrigidas depois

Ex-ministro da Saúde voltou a dizer, durante depoimento à CPI da Covid, nesta quinta-feira (20/5), que presidente nunca mandou cancelar compra de vacinas do Instituto Butantan, apesar de Bolsonaro ter desautorizado general publicamente

Sarah Teófilo
postado em 20/05/2021 18:32 / atualizado em 20/05/2021 18:32
 (crédito: Evaristo Sá/AFP)
(crédito: Evaristo Sá/AFP)

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, no Senado, nesta quinta-feira (20/5), que o presidente Jair Bolsonaro “fala no improviso” e que algumas declarações precisam ser corrigidas depois. O general fez a afirmação ao ser questionado sobre as falas públicas do presidente sobre ter mandado suspender a assinatura de contrato da intenção de compra com o Instituto Butantan, para aquisição das vacinas contra covid-19 produzidas em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.

“Sabemos como é o nosso presidente. Ele fala no improviso, de pronto, essa é a verdade, esse é o presidente que foi eleito. Ele fala de pronto, como ele pensa, e algumas coisas precisam ser corrigidas depois, precisam ser conversadas”, disse. O general respondia a um questionamento do senador Fabiano Contarato (Rede-ES). O parlamentar pontuou que Pazuello disse que o presidente não interferiu, apesar de tê-lo desautorizado publicamente sobre a compra das vacinas CoronaVac, em um vídeo. Na gravação, o ex-ministro diz “manda quem pode, obedece quem tem juízo” ao lado de Bolsonaro.

“O presidente tem poder de ordenar os ministros de Estado”, ressaltou o senador. Pazuello respondeu: “Efetivamente, naquele ponto (do contrato com o Butantan), é óbvio que quando o presidente foi falar comigo eu conversei com ele sobre isso e falei com ele. Expliquei que as contratações só aconteciam quando a gente tivesse legalidade e aprovação da Anvisa. Aí, ele disse: ‘Ah, tá, assim tudo bem’”. Estamos falando de uma relação. E, com isso, não tivemos nenhuma ordem direta para haver cancelamento (da compra)”, disse.

Ordens diretas

Nesta quinta-feira, ocorreu a segunda parte do depoimento de Pazuello, que teve início na quarta-feira (20). Apesar de ter se tornado público o episódio em que o presidente Jair Bolsonaro afirma que a vacina não seria adquirida quando Pazuello assinou um protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses, o general afirmou que o mandatário nunca lhe deu uma ordem direta para tal. Na narrativa do ex-ministro, o que Bolsonaro fala publicamente é diferente de dar ordens diretas.

Na época, em outubro do ano passado, um dia depois do Ministério da Saúde anunciar a intenção de compra das vacinas, Bolsonaro disse: “Já mandei cancelar. O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade. Até porque estaria comprando uma vacina que ninguém está interessado nela, a não ser nós". No mesmo dia, após a declaração do chefe, o ex-secretário-executivo da pasta Elcio Franco disse que houve interpretação equivocada da fala de Pazuello e que o ministério não firmou qualquer compromisso de compra da CoronaVac.

Apesar de Bolsonaro ter feito diversas declarações públicas afirmando que iria facilitar o uso da cloroquina e hidroxicloroquina, além de portar uma caixa do medicamento durante os pronunciamentos e transmissões ao vivo nas redes sociais, o ex-ministro afirmou que nunca recebeu ordens diretas do mandatário "para nada".

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