O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi orientado a ficar em silêncio, e não respondeu a um questionamento feito pela senadora Eliziane Gama durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19. A parlamentar, que representou a bancada feminina na oitiva desta quarta-feira (19/5), afirmou que o Ministério da Saúde negou ajuda oferecida pelos Estados Unidos para auxiliar na crise do oxigênio que atingiu Manaus no começo do ano.
De acordo com a senadora, a pasta recebeu a oferta de ajuda do governo norte-americano em janeiro deste ano. Na ocasião, os Estados Unidos ofereceram o envio de um avião adaptado para o transporte de oxigênio. "Ministro, com todo respeito ao senhor, parece que o senhor está brincando com a cara da gente nesta CPI. O senhor já mentiu demais nesta comissão, eu não tenho nem tempo para elencar tudo. Por exemplo, mentiu a cerca do avião cargueiro. Está aqui um documento enviado pelo próprio Ministério da Saúde à deputada Perpétua explicando o por quê de não ter atendido ao pedido", disse a congressista.
Ela apresentou uma nota técnica emitida pelo Ministério da Saúde, em que o governo norte-americano responde que não poderia doar oxigênio, mas poderia alugar o avião para o transporte dos cilindros do gás. Enquanto a senadora falava, o advogado da União que atende Pazuello foi até o presidente da comissão, senador Omar Aziz, e pediu que o ministro ficasse em silêncio. Ele também reclamou do tom usado pela senadora. "É melhor ele ficar em silêncio mesmo, do que se comprometer aqui", disse Aziz.
O presidente da comissão também reprendeu Eliziane, pedindo que ela tratasse o ex-ministro com urbanidade. A crítica repercutiu nas redes sociais, já que a mesma chamada não foi realizada para senadores do sexo masculino em outras ocasiões mais acaloradas do colegiado. Em coletiva de imprensa, Eliziane fez novas críticas. "Ele mente muito durante o depoimento, e quando confrontado, tende a desconversar, minimizar... Não se pode mentir em CPI, nem desacatar, pois assim pode ser alvo de prisão preventiva", disse.
Habeas corpus concedido pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), autoriza que o ex-ministro da Saúde fique calado, caso entenda que ao responder pode criar provas contra si mesmo.
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