O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse nesta quarta-feira (19/5), em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, no Senado, que a negociação com o consórcio Covax Facility começou de forma “muito nebulosa”. Ele foi questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) sobre o motivo pelo qual o Brasil aderiu ao mínimo oferecido pela iniciativa.
A Covax é uma iniciativa internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para garantir acesso à vacina contra a covid-19 com equidade para os mais de 150 países que integram a aliança. O Brasil adquiriu o suficiente para imunizar 10% da população, mas tinha a opção de comprar o suficiente para imunizar 50%. Na última terça-feira (18), o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo disse na CPI que essas negociações ocorreram com a presença do Itamaraty, mas que as decisões cabiam à Saúde.
“A negociação com a Covax começou muito nebulosa. Não havia bases, o preço inicial eram 40 dólares cada vacina, e assim começou a discussão. Não havia garantia de fornecimento. Naquele momento, o que nós nos preocupamos era sobre assumirmos um grau de recursos altíssimo sem garantia de entrega efetiva do laboratório. A Covax não dava data, cronograma ou garantia, era um consórcio, que, dependendo do desenvolvimento, faria a entrega”, justificou.
Risco
Segundo o ex-ministro, “42 milhões de doses daquela forma era o máximo que poderia fazer diante do risco que tava imposto ali dentro”. “Estar presente no consórcio era o mais importante. Inicialmente com 42 (milhões), podendo, se houvesse aceleração de entrega, poderíamos ter opção de comprar mais, não havia nenhuma imposição disso”, pontuou. De acordo com ele, o ministério visualizava de que, como o consórcio tem uma quantidade grande de países a serem atendidos, o Brasil não chegaria nem aos 10% em 2021. “Como estamos observando a dificuldade de entrega, bate exatamente com a nossa análise”, disse.
No início deste mês, contudo, o Brasil recebeu 3,9 milhões de doses do consórcio. O número é maior que a projeção do Ministério da Saúde, que previa entrega de 3,5 milhões entre abril e maio.
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