CPI da Covid

"Plenamente apto", diz Pazuello sobre capacidade de gestão da Saúde

Ex-ministro da Saúde, que em outubro de 2020 disse desconhecer o sistema SUS antes de ser líder da pasta, afirmou ter experiência na área de saúde, mas sobretudo em relação à liderança. "É perguntar se a chuva molha"

Bruna Lima
postado em 19/05/2021 11:22 / atualizado em 19/05/2021 11:23
 (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
(crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

"Me considero plenamente apto a exercer o cargo de ministro da Saúde". Assim o ex-gestor que por mais tempo ficou na liderança da pasta durante a pandemia, general Eduardo Pazuello, respondeu a uma das primeiras perguntas feitas na sabatina da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, na manhã desta quarta-feira (19/5). Mesmo não sendo técnico, o militar, que durante a gestão admitiu desconhecer o Sistema Único de Saúde (SUS), defendeu a própria capacidade de liderança da pasta.

"Sobre gestão e liderança, eu acredito que seria o mesmo que perguntar se a chuva molha, (perguntar) se um oficial general tem a competência de liderança. Se nós não tivermos, precisaríamos começar do zero a nossa instituição", afirmou Pazuello, em resposta ao questionamento do relator, Renan Calheiros (MDB/AL) sobre ter expertise para chefiar o ministério.

Em relação à área da Saúde, o general enfatizou ter cinco hospitais sob a própria guarda no Amazonas, além da saúde de cinco mil homens. "Na Operação Acolhida, toda a saúde dos 600 mil venezuelanos estavam sob nossa responsabilidade. Só no comando da base logística do Exército, eu tinha um hospital de campanha nível três da ONU (Organização das Nações Unidas)", completou.

Apesar de destacar o conhecimento na área, em outubro de 2020, durante coletiva de lançamento da campanha do Outubro Rosa, Pazuello afirmou que "nem sabia o que era o SUS", antes de ocupar o posto no governo Jair Bolsonaro.

Ao comentar sobre a fala durante a sessão da CPI, o militar disse que o contexto da frase era de uma "surpresa espetacular, ver que tínhamos um sistema fantástico". Ele reforçou que como militar ele não só desconhecia o SUS como também as escolas particulares. "Só estudei em colégio militar. Fui formado e tratado pelo Exército. Até hoje, inclusive. Então, meu conhecimento de SUS não poderia ser profundo".

"O melhor desenho"

Na defesa da competência em gerir a pasta, Pazuello admitiu, no entanto, que se tivesse permanecido como secretário-executivo da gestão de Nelson Teich, médico de formação, esse teria sido "o melhor desenho". "Infelizmente, Teich decidiu partir e o resto da história os senhores sabem".

O general também afirmou ter enfrentado dificuldades com a equipe durante a transição, já que muitos técnicos eram contra a nomeação, mas que, aos poucos, conseguiu trazer a colaboração de novo e definiu a integração entre lideranças militares e corpo técnico como uma "relação profícua e exitosa".

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