O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo sequer agradeceu ao governo da Venezuela pela ajuda humanitária em doar oxigênio a Manaus durante a crise do insumo, que chegou a faltar nos hospitais provocando a mortes de dezenas de pessoas, admitiu o depoente durante oitiva na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19. O ex-chanceler teria, também, inviabilizado o transporte do insumo por meio de uma aeronave, como revelou o senador amazonense Omar Aziz (PSD), presidente dos trabalhos.
"Enquanto estava morrendo gente, sem oxigênio em Manaus, o oxigênio da Venezuela estava vindo de estrada. Um voo da FAB, se o Ministério das Relações Exteriores tivesse interferido, em uma hora ia e voltava. Não fizeram isso. Enquanto a gente não conseguia um voo, o desespero era grande. Eu estava lá", desabafou Aziz, enquanto Araújo era questionado sobre a participação da pasta em facilitar a entrega do insumo.
Ainda segundo Aziz, a inviabilização de uma aeronave se deu por questões ideológicas. Apesar de Araújo ter negado ser este o motivo, admitiu que o governo brasileiro não teve qualquer participação na iniciativa em recorrer à Venezuela por oxigênio. "A doação foi oferecida pelo governo venezuelano", disse.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP), que fazia o uso da palavra, questionou se o ex-chanceler havia ligado para o governo venezuelano para organizar o transporte. "Não", respondeu Araújo. "O senhor agradeceu o gesto venezuelano?", questionou Randolfe. Monossilábico, o ex-ministro repetiu: "não".
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