A CPI da Covid aprovou, ontem, a convocação da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã cloroquina”. No início do ano, a integrante da pasta viajou com uma comitiva para o Amazonas, poucos dias antes de o sistema de saúde do estado entrar em colapso por falta de oxigênio. Ela chegou a enviar um ofício à Secretaria de Saúde de Manaus pressionando a gestão municipal a usar medicamentos antivirais orientados pelo ministério contra o novo coronavírus. No documento, classifica como “inadmissível” a não adoção da orientação. A pasta vinha recomendando a utilização de medicamentos como ivermectina e cloroquina, ambos sem eficácia comprovada contra a doença.
No mesmo ofício, Mayra Pinheiro solicitava autorização para que pudesse realizar “visita às unidades básicas de saúde destinadas ao atendimento preventivo à covid-19, para que seja difundido e adotado o tratamento precoce como forma de diminuir o número de internamentos e óbitos decorrentes da doença”. “Aproveitamos a oportunidade para ressaltar a comprovação científica sobre o papel das medicações antivirais orientadas pelo Ministério da Saúde, tornando, dessa forma, inadmissível, diante da gravidade da situação de saúde em Manaus, a não adoção da referida orientação”, pontuou.
Durante evento em Manaus, ao falar sobre recursos executados no Amazonas, Mayra Pinheiro afirmou que foram distribuídos e entregues em janeiro “120 mil comprimidos de hidroxicloroquina para o tratamento precoce da doença e mais de nove mil unidades de medicamentos para uso durante a intubação”. Na época, o Ministério da Saúde também lançou, em Manaus, com a presença do então titular da pasta, Eduardo Pazuello, um aplicativo que incentivava o uso de remédios sem eficácia comprovada contra a covid-19.
Requerimentos
Também foram aprovados convites para que compareçam à comissão a oncologista e imunologista Nise Yamaguchi e os médicos Ricardo Dimas Zimmermann, Francisco Eduardo Cardoso Alves e Flávio Cadegiani. Nise é conhecida por defender o uso de cloroquina em pacientes com covid-19 e já foi cotada para assumir o Ministério da Saúde. Ela foi citada em depoimento do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Braga Torres, como responsável por sugerir a alteração da bula do medicamento para recomendar o uso em pacientes com o novo coronavírus.
Além dos convites, os senadores convocaram a representante do Movimento Alerta, a médica Jurema Werneck, que compila dados sobre covid-19 no país. Ela também é diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil.
Documentos sobre remédio
A CPI aprovou requerimentos que pedem ao Ministério das Relações Exteriores todos os dados, telegramas e documentos sobre a obtenção de cloroquina para o Brasil na pandemia, além de vacinas. Na mesma linha, foi aceito o pedido de cópia de telegramas ou outras comunicações formais do Itamaraty para embaixadas brasileiras no exterior, organismos internacionais ou para empresas solicitando agilização ou intervenção no processo de aquisição, importação ou fornecimento de medicamentos “supostamente indicados” contra a doença. Outro requerimento aprovado solicita informações do presidente da farmacêutica EMS, Carlos Sanches, sobre a produção de medicamentos que compõem o denominado “kit covid”.
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