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Bolsonaro minimiza trabalhos da CPI e diz que Renan "está queimado"

Durante transmissão ao vivo, presidente afirmou que o governo federal, ao final da negociação com a Pfizer, obteve mais vacinas do que o previsto. "Acabou a narrativa", rebateu o chefe do Executivo às acusações de negligência

Rosana Hessel
postado em 13/05/2021 22:59

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou o impacto da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado Federal, nesta quinta-feira (13/05), durante transmissão semanal nas redes sociais. Ele ainda fez chacota do relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Disse que o parlamentar terá que se explicar porque ele "está queimado".

Na avaliação do presidente, o depoimento do gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, mostrou que o governo melhorou a “proposta lá atrás". Na lógica de Bolsonaro, o governo recusou porque aumentou a compra e, em vez de comprar 70 milhões, fechou um contrato de 100 milhões de vacinas contra a covid-19. Desse total, segundo o chefe do Executivo, serão 14 milhões em vez de 9 milhões, no primeiro semestre, e 86 milhões em vez de 61 milhões, no segundo semestre.

“Precisa falar mais alguma coisa ou vão ficar ainda perguntando?”, questionou Bolsonaro. “Acabou a narrativa. Acabou aquela conversa mole”, emendou. O presidente voltou a citar uma frase de Murillo que ele interpretou a seu favor e quem mais cedo tinha feito um post tentando por um ponto final na CPI.

"Fizemos a coisa certa"

Ao lado do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, com quem participou da entrega de casas populares em Alagoas, estado natal de Renan Calheiros, o presidente disse que o emedebista precisará “fazer as pazes” com o eleitor alagoano. ‘Você está meio queimado lá”, disse, sorrindo.

Durante mais de cinco horas de depoimento à CPI, Murillo contou aos senadores que a farmacêutica tentou, ao menos cinco vezes, sem sucesso, vender a vacina contra a covid-19 ao governo brasileiro.

Bolsonaro justificou o atraso na compra das vacinas da Pfizer pela necessidade de aprovação da lei 14.124, de 10 de março deste ano, regra que facilita a compra das vacinas e que "garantiu segurança jurídica para a compra do imunizante". Para ele, a CPI ainda vai ajudá-lo politicamente. 

“Não tínhamos garantia jurídica e seria uma irresponsabilidade aceitar a importação de uma vacina que estava em teste”, afirmou Bolsonaro, atribuindo a medida e a assinatura do contrato com a Pfizer ao ex-ministro Eduardo Pazuello. “Fizemos a coisa certa. O Pazuello acertou em tudo o que fez no ano passado. Obrigado Renan Calheiros”, afirmou.

O mandatário ainda criticou Renan por ter afirmado que “não faz parte do objetivo da CPI apurar desvio de recursos”. “Imagine mais um para quem tem 17 processos no Supremo. Isso é um deboche”, acrescentou Bolsonaro, em tom irônico. Mais cedo, após Bolsonaro chamar o relator da CPI de vagabundo, Renan afirmou que o presidente foi inaugurar obra velha

Bolsonaro ainda aproveitou a transmissão ao vivo aos seguidores para criticar o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O chefe do Executivo disse que, ao contrário do que Mandetta falou, não seria possível  iniciar a vacinação em novembro com as vacinas da Pfizer. "A primeira vacinação no mundo ocorreu em dezembro. Não tinha como fazer antes", disse Bolsonaro.

Durante a live, o presidente não mencionou em nenhum momento o depoimento do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten. O ex-assessor quase foi preso na CPI. O presidente da Comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), não autorizou a medida, em um dia tenso para a CPI. “Sou um democrata. Se ele mentiu, temos como pedir indiciamento dele, mandar para o Ministério Público para ele ser preso, mas não por mim”, afirmou Aziz.

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