A médica Nise Yamaguchi, defensora de um “tratamento precoce” para a covid-19 deve ser convocada para depor na CPI. Ela foi citada pelo diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, como sendo o nome por trás de um pedido de mudança na bula da cloroquina para recomendar o uso em pacientes infectados pelo novo coronavírus. Os parlamentares querem saber quem faz a articulação para a propagação da administração de remédios sem eficácia científica comprovada contra a doença.
Até a noite de ontem, a CPI registrava três requerimentos para a convocação de Nise Yamaguchi. De acordo com integrantes da comissão, está se formando um acordo para que a convocação seja chancelada pela maioria. Nesse caso, ela vai depor como testemunha e tem a obrigação de falar a verdade.
Nise Yamaguchi tem dito a interlocutores que o responsável pelo pedido para mudança na bula é o tenente Luciano Dias Azevedo, da Marinha. Ele teria redigido o documento apresentado ao presidente da Anvisa em reunião na qual o presidente Jair Bolsonaro estava presente.
Azevedo chegou a defender, diversas vezes, nas redes sociais e em entrevistas, o uso de hidroxicloroquina em pacientes infectados pela covid-19. Desde o começo da pandemia, ele, que é anestesista, se aproximou de Bolsonaro, Yamaguchi e Torres. A atuação deles no governo foi maior durante a gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que era contra o uso de drogas sem eficácia comprovada nos hospitais em casos leves e moderados da covid.
Em nota, Nise Yamaguchi disse que as afirmações de Torres “não representam a realidade”. “Já existem evidências científicas comprovadas para o uso de medicações que possam auxiliar no combate às fases iniciais da covid-19 e, caso seja convocada, estarei à disposição da CPI da Covid-19 para esclarecimentos”, enfatizou. O Correio não conseguiu contato com Azevedo. (RS, JV e LC)
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