Relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) questionou o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, sobre a presença do gestor em uma manifestação com o presidente da República em 15 de março de 2020. À época, Barra Torres foi fotografado sem máscara, em frente ao Palácio do Planalto, enquanto Jair Bolsonaro cumprimentava apoiadores em uma aglomeração. O convocado assumiu o erro em depoimento, nesta terça-feira (11/5), e disse que, se tivesse pensado por cinco minutos, não teria se encontrado com o chefe do Executivo naquele dia.
“É óbvio que, em termos da imagem que isso passa, tenho plena ciência de que se pensasse mais cinco minutos, não teria feito. O assunto (do encontro com o presidente) não necessitava de urgência para ser tratado. Foi um momento em que não refleti na imagem negativa que isso passaria, e, depois disso, nunca mais houve esse tipo de comportamento meu. Eu busquei manter a distância possível e usar os cumprimentos cabíveis na época”, admitiu.
Barra Torres disse durante o depoimento na CPI da Covid que, apesar da amizade que tem com Bolsonaro, pensa diferente do presidente no que diz respeito ao distanciamento social e as determinações da ciência. “As manifestações que faço tem sido todas no sentido do que a ciência determina”, disse. “Na última live em que participei com o presidente, permaneci de máscara, o que foi comentado pela imprensa até de forma elogiosa. São formas diferentes (de pensar) de pessoas diferentes”, argumentou.
O presidente da Anvisa também justificou a ausência do uso de máscara no evento de março de 2020, quando a pandemia começava a avançar no Brasil. “Naquela época, o que preconizava o Ministério da Saúde é que máscaras deveriam ser usadas por profissionais de saúde, cuidadores de idosos, mães amamentando e pessoas diagnosticadas com covid. Não havia consenso geral do uso de máscaras por parte da população. Se formos buscar fotografias, não havia. O comércio estava aberto. Meu planejamento era fazer supermercado e almoçar em um restaurante”, relatou.
“A própria OMS (Organização mundial da Saúde), um pouco antes, colocou em dúvida quanto à eficácia (da máscara). Isso foi um processo que evoluiu e, hoje, ninguém mais tem dúvida sobre a importância do uso de máscara. No DF (Distrito Federal), só se torna obrigatório em abril (do ano passado). Não estou justificando. Estou dizendo isso para situar o arcabouço legal e regulatório daquela época”, argumentou.
O depoente também destacou que não foi ao Planalto para a manifestação, mas para encontrar o presidente. Quando chegou, disse, havia a manifestação e Bolsonaro foi até os apoiadores. “Ele tem essa interação com o público. Ele fez isso e faz diversas vezes. Cumprimentei com o cotovelo, que era o preconizado na época, tirei fotos, aguardei, tratamos do assunto e cada um foi para o seu lado”, garantiu.
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