Em tom de propaganda ao inexistente "tratamento precoce", o presidente Jair Bolsonaro afirmou, neste sábado (08/05), que fará um vídeo junto a seus 22 ministros para contar quais deles tomaram hidroxicloroquina no tratamento contra a covid-19. Ao menos 15 dos comandantes da Esplanada foram diagnosticados com o novo coronavírus. O mandatário é fiel defensor de medicamentos como ivermectina e cloroquina no combate ao vírus. Porém, as drogas não possuem comprovação científica contra a doença e as substâncias tiveram o uso fortemente desaconselhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O chefe do Executivo ainda caracterizou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) como "vexame" e que "só se fala em cloroquina".
"Eu sempre perseverei, sempre lutei por aquilo que achava que está certo e continuo dizendo: só Deus me tira daquela cadeira. Não vai ser... aquela CPI é um vexame, só se fala em cloroquina. Mas o cara que é contra, não dá alternativa. Tenho certeza que alguém aqui tomou hidroxicloroquina", questionou a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
De acordo com Bolsonaro, a alternativa em meio aos questionamentos sobre a cloroquina é que comandantes da Esplanada assumam o uso, para servir como exemplo. "Ontem eu estava retornando de Rondônia. No avião tinha alguns ministros. A gente vai fazer um vídeo nessa semana, 22 ministros, todos aqueles que tomaram hidroxicloroquina vão falar: eu tomei. É a alternativa no momento. "Ah, não tem comprovação cientifica." Mas não tem cientificamente dizendo o contrário também", justificou. A colocação já foi desmentida por órgãos de saúde e até a OMS se opõe à terapia para casos de covid-19.
Na Comissão, ex-ministros como Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich foram contra o presidente e divergiram do uso das drogas. Já o atual ministro da pasta, Marcelo Queiroga, preferiu não tomar posição a cerca do assunto.
Investigação
O presidente declarou também que pedirá à CPI uma investigação sobre eventuais mortes por receituário de altas dosagens de cloroquina. "Apesar de sermos minoria na CPI, nós queremos apurar o caso de Manaus. Lá deram uma dose quádrupla em irmãos nossos que entraram em óbito. Já temos os nomes das pessoas que participaram dessa experiência e vamos ver se leva para lá para explicar por quê; qualquer remédio se tomar em excesso você pode entrar em óbito. Para colocar um ponto final nisso". "A indústria farmacêutica como regra visa dinheiro, e remédio barato não tem vez", emendou.
Bolsonaro repetiu que será o último a tomar a vacina contra a covid-19. "Vou ser o último a tomar, quem quiser tomar, toma na minha frente. Acho que é um gesto de altruísmo da minha parte", concluiu.
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