No segundo dia de encontros com políticos em Brasília, ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou as articulações para tentar construir uma aliança entre os partidos de esquerda que seja capaz de derrotar Jair Bolsonaro nas eleições do ano que vem para o Palácio do Planalto. Uma das conversas foi com o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara, que recebeu a sinalização de que o PT poderia formar alianças em alguns estados com outras legendas progressistas para derrotar eventuais candidatos bolsonaristas, sobretudo no Rio de Janeiro — reduto eleitoral do presidente da República.
Lula teve reuniões com deputados e senadores. Apesar de uma parte das conversas ter girado em torno da pandemia da covid-19, o ex-presidente reforçou que se cada partido do arco de alianças que pretende formar quiser lançar candidatos à corrida ao Palácio do Planalto, o enfraquecimento de Bolsonaro nas unidades da Federação pode frustrar os planos de reeleição do presidente.
“É preciso construir uma frente ampla de partidos para a disputa eleitoral no estado, mesmo que esta aliança seja de partidos que apoiem diferentes candidatos à Presidência da República. Lula manifestou apoio a este tipo de iniciativa e disse que o PT está disposto a abrir mão do lugar nas chapas estaduais em favor de nomes de outros partidos”, disse Molon, após o encontro.
Outra conversa do petista foi com o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), convidado a se filiar ao PT para concorrer ao governo do Espírito Santo, em 2022. O parlamentar, porém, disse que está analisando também convites de outras legendas do campo da centro-esquerda, como PSB,
PDT, PCdoB e PSol.
Para Contarato, caso Lula queira unir a esquerda em torno de um plano para tirar Bolsonaro da presidência, precisa apresentar um projeto para o país. “Quando se fala em uma frente progressista, o meu sonho é que (os partidos) se despissem de qualquer vaidade e começassem a construir essa pauta como um projeto de país. Eu sei que isso é um trabalho difícil, porque lidamos com pessoas. E pessoas, por vezes, têm interesses de natureza pessoal, e não de interesse coletivo, como é aquilo que eu almejo”, cobrou o senador.
A movimentação de Lula começou na segunda-feira, quando se reuniu com o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ) — que recebeu o apoio do ex-presidente para concorrer ao governo do Rio de Janeiro — e reforçou a necessidade de a esquerda entrar em um consenso para a eleição ao comando do governo federal.
“É meu desejo que a gente faça uma frente ampla para derrotar Bolsonaro, no Rio e no Brasil. Derrotar Bolsonaro não é um projeto da esquerda; é um projeto civilizatório, democrático, da vida. É uma responsabilidade que tem que ser de todo o campo progressista, o PT dentro dele, mas também de um campo democrático”, destacou.
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