O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou, em depoimento durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, nesta terça-feira (4/5), que intensificou as críticas ao Executivo após deixar o governo. Segundo ele, antes, a tentativa era de construir pontes e orientar o presidente da República, Jair Bolsonaro, o que funcionava por alguns dias, antes que o mandatário começasse a provocar aglomerações e espalhar desinformação sobre o combate ao vírus.
Mandetta respondia a um questionamento do senador Angelo Coronel (PSB-BA). Ele afirmou que 410 mil mortes o separam de Jair Bolsonaro. “Cada vez que se conversava com o presidente, ele compreendia. A gente falava que não se pode aglomerar, que tem que usar o álcool em gel, e ele compreendia e falava que ia ajudar. Só que se passavam dois ou três dias e ele voltava a aglomerar”, lembrou.
O médico recordou que a contrariedade de Bolsonaro com o Ministério de Saúde acabou levando a sua demissão em 16 de abril de 2020. O então ministro já havia afirmado que não ia se demitir. “E ele me demitiu e continuou fazendo a mesma prática. Como cidadão, eu posso, sim, criticar”, destacou lembrando que o presidente seguiu negando o uso de máscara, recusando compra de vacina e testagem do vírus. “Eu, como cidadão, 410 mil vidas me separam do presidente até o momento. Até o dia de hoje”, afirmou.
Propina
Questionado sobre a fala do general Eduardo Pazuello, ministro que o sucedeu, sobre uma suposta peregrinação de parlamentares para pedir propina, que o militar chamou de “pixulecos”, Mandetta negou que tenha recebido algum pedido semelhante. “Quanto à fala do ministro Pazuello, ele tem que explicar. O que eu conheço é a pressão legítima de parlamentares da Câmara, Senado, para que se levem recursos para seus estados, e entendo como legítimo”, disse.
“Em 2019, eu fui o ministro que mais recebeu deputados e senadores e vim a essas Casas inúmeras vezes. Acho legítimo. Essas pessoas públicas estão aqui eleitas. Eu estava ministro, mas nunca vi nada fora do que se espera de homens públicos”, justificou. Pazuello declinou de comparecer à CPI nesta quarta-feira (5/5) por ter, supostamente, mantido contato com militares contaminados pelo novo coronavírus. O colegiado aprovou um novo depoimento para o militar em 19 de abril.
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