Em meio à preocupação com os possíveis desdobramentos da CPI da Covid instaurada pelo Senado, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello está desde o final de semana se preparando para responder às questões dos parlamentares, marcadas para amanhã. No sábado, o general se reuniu fora da agenda com assessores do governo no Palácio do Planalto a fim de receber orientações e informações. A oitiva é uma das mais aguardadas na ilustração do pano de fundo da crise sanitária no Brasil.
Entre as questões que deverá responder, está a recomendação quanto ao uso de medicamentos não comprovados cientificamente como a cloroquina; eventual omissão da pasta que tenha colaborado para o colapso da falta de oxigênio em Manaus; a utilização da reserva da CoronaVac para a segunda dose na aplicação da primeira em mais pessoas; além de atrasos em contratos para aquisição de vacinas contra o vírus, justificada pela frase “um manda, o outro obedece” dita quando foi impedido pelo chefe de comprar um lote da CoronaVac, vacina produzida pelo Butantan e a mais utilizada no país.
A estratégia de preparo tem como objetivo que Pazuello não titubeie ou se atrapalhe nas respostas e não entre em confronto com senadores diante da pressão à qual será exposto. O depoimento está marcado para as 10h, mas promete entrar noite adentro e se transformar numa prova de fogo tanto para o general quanto para o presidente.
Por outro lado, o ex-ministro deverá enfrentar, também, longas horas de depoimento como tática da oposição para extrair o maior número de informações possíveis. Em contrapartida, o ministro usará a linha já adotada pelo presidente Jair Bolsonaro ao responsabilizar governadores, prefeitos e o Supremo Tribunal Federal (STF), pela falha no combate ao covid-19, ressaltando que coube à Corte decidir os poderes sobre lockdown e fechamento de comércios.
Apoio do Planalto
Desde os primeiros rumores da comissão, Bolsonaro fez questão de manter ao seu lado o general, tanto que o deslocou da estrutura do Exército de Manaus para Brasília e pretende mantê-lo perto em um cargo na Secretaria Geral da Presidência. Também distribuiu afagos ao seu trabalho à frente da pasta da Saúde. Uma boa desenvoltura de Pazuello é tida como essencial para blindar o governo e eximir a própria gestão de eventuais responsabilidades.
Outro fator que piorou a imagem já desgastada de Pazuello e gerou controvérsias em meio à CPI foi o passeio em um shopping em Manaus sem máscara, ocorrido no último dia 25. Segundo nota divulgada, o fato ocorrido “não foi proposital”. Como a máscara descartável de Pazuello teria ficado inutilizada, o ex-ministro pediu para entrar no shopping a fim de adquirir uma nova.
Posteriormente, o próprio governo produziu, por meio da Casa Civil, 23 pontos que poderiam ser alvo de ataques na CPI. A oposição considerou o documento um tiro no pé, como uma espécie de atestado sobre os erros cometidos pelo Planalto no enfrentamento à covid-19.
No staff palaciano responsável por gerir desdobramentos da CPI, está o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni; o ministro da Casa Civil, Eduardo Ramos e a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda.
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