O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar os países europeus que criticam o aumento do desmatamento no país e que não querem comprar soja produzida nas reservas indígenas e, inclusive, afirmou que, "se houver clima", ele gostaria de criar uma espécie de "Opep da soja", em referência ao cartel dos maiores países produtores de petróleo.
Durante a live semanal desta quinta-feira (29/4), o presidente ainda criticou que fala para ele tomar cuidado ao criticas os países que importam soja do Brasil, alertando sobre o risco de retaliação, porque o país é um grande produtor da commodity. "Não vai acontecer, porque eles precisam de nós. O preço da soja vai lá para cima e fica impossível sobreviver. Seria bom criarmos uma Opep da soja, se houver clima", disse, minimizando qualquer risco diplomático. Ele ainda lembrou que, no início dos anos 1970, o barril era barato, mas depois da crise do petróleo, o produto ficou caro.
Nesta quinta-feira, o Parlamento Europeu não poupou críticas a Bolsonaro, que foi chamado de "negacionista" e de adotar a "necropolítica" no combate à pandemia. O presidente voltou a voltou a afirmar que o Brasil é um dos países que mais preserva a questão ambiental e que as críticas ao governo faz parte do "jogo econômico" e ainda criticou os brasileiros que criticam o governo nesse sentido.
"É impressionante. As críticas estão aqui. De dentro para fora", disse. "É o jogo econômico. Nós atrapalhamos, realmente, a economia de alguns países", disse.
Ao lado do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier da Silva, Bolsonaro defendeu a mineração e o uso da terra para a agricultura nas reservas indígenas, como uma forma de os indígenas melhorarem de vida. Os dois, inclusive, apoiaram o projeto de lei nº 191/2020, que está na Câmara aguardando a criação de uma comissão temporária. A matéria, de autoria do Executivo, regulamenta a realização de pesquisa e de lavra de recursos minerais e de petróleo e para o aproveitamento de recursos hídricos para geração de energia elétrica em terras indígenas, instituindo a indenização às tribos.
“O Brasil tem um o potencial enorme dentro desses 14% da área dos nossos irmãos indígenas e eles não podem viver sem liberdade”, defendeu o presidente, que levou dois representantes de tribos para elogiar o governo e apoiar a exploração das reservas indígenas. Um deles, inclusive, reclamou que representantes de grandes importadores multinacionais não compram a soja que eles produzem porque a matriz proíbe a compra do grão plantado em reservas, o que foi criticado por Bolsonaro e o presidente da Funai. Segundo Xavier da Silva, a tribo em questão utilizou áreas que já estavam desmatadas para o plantio.
Homenagem a Levy Fidelix
Durante a transmissão aos apoiadores, Bolsonaro evitou falar muito sobre as mais de 400 mil mortes por covid-19, mas reconheceu que o "número era enorme". Contudo, dedicou um tempinho para lamentou a morte do político Levi Fidelix, fundador do PRTB, partido do vice-presidente, Hamilton Mourão.
"Lamentamos o falecimento do Levi Fidelix. Ele era um conservador. Era uma pessoa muito parecida comigo nos posicionamentos. Perdemos uma pessoa que, realmente, vai deixar saudades em todos nós”, disse o presidente.
Fidelix morreu, em São Paulo, no último dia 23, vítima de covid-19 e o partido do eterno candidato à presidência e conhecido pelo projeto do aerotrem pode ser o partido que Bolsonaro escolha para se filiar, se tiver carta branca da família, conforme informações do jornal O Estado de São Paulo.