Superada a dificuldade de instalar os trabalhos, sendo necessário recorrer à Justiça para ter o requerimento de abertura pautado, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 começou, nesta quinta-feira (29/4), com as discussões travadas. Foram duas horas para acordar a aprovação de uma série de requerimentos de convites e convocações. E mais de 30 minutos para que senadores aprovassem apenas os depoimentos dos ministros da Saúde do governo Bolsonaro. Parlamentares protocolaram, ao todo, 320 requerimentos. Na próxima terça-feira (4/5), devem ser ouvidos os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.
Enquanto a base governista, minoria na comissão, pressionou para que fossem apreciadas todas as sugestões, a cúpula de liderança quis se ater ao plano de trabalho inicial, que já foi discutido e pré-aprovado durante a sessão de instalação dos trabalhos. "Não vamos transformar essa CPI em uma batalha eleitoral política", afirmou o relator, Renan Calheiros (PMDB/AL), alegando que o pedido de se apreciar todas as propostas simboliza uma forma de "obstrução que não tem mais sentido".
O senador Marcos Rogério (DEM/RO) solicitou que se votassem todos os requerimentos de pedidos de informações, alegando que o material pode demorar para chegar e que a falta dele pode paralisar os trabalhos. "Tenho sete requerimentos, todos dentro do objeto. Quando sistematizar, que se votem todos e não fatiados". O parlamentar propôs, ainda, equilibrar a convocação fruto da sugestão dos parlamentares de oposição, alternando com chamamentos sugeridos pelos governistas. "Nós temos que intercalar", concordou Ciro Nogueira (PP/PI).
"Aqui só virá quem for aprovado pela maioria", rebateu Calheiros, ciente de que a oposição é maioria na composição da CPI. Apaziguando o debate, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD/AM), afirmou que "não há como deixar de ser apreciado qualquer requerimento", mas que era necessário se chegar a um consenso para aprovar, nesta quinta-feira, as prioridades. "A pandemia é muito mais importante que essa discussão que estamos tendo aqui", completou Aziz, antes de precisar interromper a sessão.
Após ouvir os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, ,na próxima terça-feira (4), será a vez do general Eduardo Pazuello, na quarta-feira (5). E, na quinta (6), o atual titular da Saúde, Marcelo Queiroga, prestará esclarecimentos aos membros da CPI.