O presidente Jair Bolsonaro teceu críticas nesta quarta-feira (28/4) à instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19. O mandatário questionou ironicamente se governadores e prefeitos serão convocados ou se a comissão fará um "Carnaval fora de época". A declaração foi feita a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
"Será que a CPI vai ouvir prefeito e governador que baixou decreto, para confiscar, como em Sergipe, confiscar a propriedade privada? Lá no Ceará, que para ir de uma cidade para outra tem que ter autorização, tem que ter um motivo justificável? Toque de recolher, pancada em gente que está na rua? A CPI vai chamar, ou vai querer fazer carnaval fora de época? Vão se dar mal. Aqueles que estão com essa intenção... Lá tem gente bem intencionada, gente que... Não é que me defende, está falando a verdade. Mas tem um outro lá que quer fazer uma onda só", apontou o chefe do Executivo.
Ele reforçou que os líderes estaduais devem ser investigados. No entanto, o Senado tem poder de avaliar o repasse das verbas. O presidente também repetiu defesa à cloroquina, medicamento que não possui comprovação científica contra o vírus. "A CPI vai investigar o quê? Eu dei dinheiro para os caras. No total, foram mais de R$ 700 bilhões. Auxílio emergencial no meio. Muitos desviaram dinheiro, roubaram. Agora tem uma CPI para querer investigar conduta minha? 'Ah, se ele foi favorável a cloroquina ou não'. Se eu tiver um novo vírus aí, eu vou tomar de novo. Me safei em menos de 24h assim como milhões de pessoas", alegou.
Bolsonaro relatou ainda que o Rio Grande Norte utilizou parte da verba enviada ao estado para pagamento atrasado de servidores. "Eu tinha que orientar a não roubar? Respondam aí. Ou para usar em outras coisas? Rio Grande do Norte, pelo que me consta, usou R$ 900 milhões para pagar folha de servidor atrasado".
Lockdown
Por fim, voltou a criticar a medida de lockdown nos estados em meio à pandemia que já vitimou mais de 395 mil brasileiros. "Por que foi lockdown? Não era para achatar a curva? Está há um ano achatando a curva", disparou.
O início das atividades na CPI da Covid representa uma série de derrotas para o Executivo, que tentou impedir a instalação do colegiado, buscou por meio judicial evitar a nomeação de Renan Calheiros (MDB-AL) como relator e se movimentou para adiar o funcionamento da comissão.
Entre o que será apreciado está a convocação dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello, e do atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga.