“O custo da inação continua subindo. Os Estados Unidos não vão esperar”, enfatizou o mandatário americano na Cúpula do Clima, que reúne cerca de 40 líderes por videoconferência, incluindo os rivais China e Rússia. “Temos que agir, todos nós”, insistiu.
Biden — que fez os EUA retornarem ao Acordo de Paris após a retirada orquestrada por Trump, um cético da mudança climática — anunciou que a maior economia do mundo reduzirá as emissões de gases de efeito estufa em 50%-52% até 2030 em comparação aos níveis de 2005.
Além disso, o presidente americano afirmou que Washington dobrará sua ajuda relacionada ao clima para os países em desenvolvimento até 2024, em relação aos níveis registrados 10 anos antes.
O Acordo de Paris, de 2015, visa limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais e, se possível, a + 1,5°C, o nível que os cientistas consideram necessário para evitar os efeitos mais severos das mudanças climáticas. “Até agora, mais da metade da economia global se comprometeu a respeitar a meta”, disse John Kerry, enviado dos EUA para o Clima.
O Japão, a terceira maior economia do mundo, anunciou que pretende reduzir as emissões de CO2 em 46% até 2030, significativamente mais do que o prometido anteriormente. E o Canadá prometeu uma diminuição de suas emissões entre 40% e 45% até 2030 em relação a 2005, em vez de 30% anteriormente.
Nesta semana, a União Europeia garantiu que vai cortar as emissões “em pelo menos 55%” até 2030 em comparação com 1990, depois que o Reino Unido prometeu uma meta ambiciosa de reduzir suas emissões em 78% até 2035 em relação aos níveis de 1990.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que sediará a COP26 em Glasgow, saudou o compromisso de Biden como um “divisor de águas”. A chanceler alemã, Angela Merkel, também comemorou: “Estou muito feliz em ver que os Estados Unidos estão de volta”.
Para o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, as promessas são uma virada para o meio ambiente, mas “ainda há um longo caminho a percorrer”.
O presidente chinês, Xi Jinping, reiterou sua promessa, do ano passado, de atingir a neutralidade de carbono até 2060. A China “seguirá um caminho verde de baixo carbono para o desenvolvimento” nas próximas décadas e “espera trabalhar com a comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos”, destacou. Ele prometeu que seu país reduziria o uso do carvão, a forma de energia mais poluente, embora seja uma questão politicamente delicada em razão dos empregos que a mineração proporciona.
A Índia, terceiro maior emissor de CO2, embora muito menor do que os países ocidentais em termos per capita, também não estabeleceu novas metas, mas prometeu uma “parceria” com Biden para impulsionar o investimento verde.
Greta Thunberg acusa líderes
A ativista sueca Greta Thunberg, 18 anos, atacou os políticos em uma audiência por vídeo no Congresso dos Estados Unidos, na qual exigiu que parassem de subsidiar os combustíveis fósseis. “Por quanto tempo vocês acham que podem continuar ignorando a crise climática, o aspecto global do patrimônio e das emissões históricas sem serem responsabilizados?”, questionou a jovem ativista, enquanto ocorria a Cúpula do Clima.
Meses cruciais
Um estudo da ONU, no final do ano passado, concluiu que o planeta caminha para um aquecimento de + 3ºC, o que poderia ser catastrófico. “Os próximos seis meses serão cruciais”, afirmou John Kerry, enviado dos EUA para o Clima. “Acredito que Glasgow é nossa última esperança para que o mundo se una e se mova na mesma direção”.
“O custo da inação continua subindo. Os Estados Unidos não vão esperar”
Joe Biden, presidente dos EUA