SENADO X EXECUTIVO

'Violência só interessa aos covardes', diz senador após Bolsonaro falar em 'porrada'

Presidente chamou senador Randolfe Rodrigues de "bosta" e disse que sairia na "porrada" com ele, em conversa com o senador Jorge Kajuru sobre a CPI da covid-19

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) respondeu nesta segunda-feira (12/4) as falas do presidente Jair Bolsonaro em conversa com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19. Nos diálogos, gravados e divulgados por Kajuru, Bolsonaro chama Randolfe de "bosta" e diz que teria que "sair na porrada" com o líder da oposição no Senado e autor do pedido de instalação da CPI.

"A única briga que temos que estar preocupados a essa altura é por vacina no braço e comida no prato. As milhares de vítimas dessa pandemia exigem isso de nós. As milhares de famílias brasileiras exigem isso de nós. A violência é uma arma que só interessa a essa altura aos covardes, aos homens públicos, principalmente nesse momento. Não interessa ficar envolvido em briga de rua", afirmou em vídeo.

Na conversa com Bolsonaro, Kajuru havia dito que "se a CPI for revanchista" ele não irá participar. "Se você não participa, daí a canalhada lá do Randolfe Rodrigues vai participar. E vai começar a encher o saco. Daí, vou ter que sair na porrada com um bosta desse", respondeu o mandatário. O áudio foi divulgado pelo senador em entrevista à Rádio Bandeirantes.

Na ocasião, Kajuru afirmou que a única parte da conversa que ele não havia divulgado, para proteger o presidente, era essa. "Porque eu acho que foi desnecessário quando ele ofendeu um senador e disse que ia para porrada", disse, sem citar o nome de Randolfe inicialmente.

Governadores e prefeitos

No último domingo, Kajuru divulgou um trecho maior da conversa com o presidente na qual Bolsonaro pressiona o senador a investigar governadores e prefeitos na CPI, cuja abertura foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. Ainda no áudio, ele afirmou que “tem que peticionar o Supremo para colocar em pauta o impeachment (de ministros do STF) também".

Nesta segunda, Bolsonaro criticou a gravação. “O dia que eu fui gravado numa conversa telefônica, tá certo? Olha que ponto que chegamos no Brasil”, disse a apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada nesta segunda. Em seguida, quando um apoiador afirmou que a ação foi uma “sacanagem”, Bolsonaro afirmou: “Não é vazar, é te gravar. A gravação só com autorização judicial. Agora, gravar o presidente e divulgar? E outra: só para controle, falei mais coisas naquela conversa lá. Pode divulgar tudo da minha parte, tá?”

No grupo de Whatsapp dos senadores, não houve comentários sobre o áudio, apenas um questionamento sobre sua veracidade ainda no domingo. Nesta segunda, alguns senadores enviaram mensagem de apoio ao senador Randolfe pelo grupo.

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