Em uma conversa gravada por telefone, o presidente Jair Bolsonaro pressiona o senador Jorge Kajuru (Cidadania) para ampliar o alvo das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) voltada para as ações relacionadas a covid-19. A CPI teve início pela articulação do senador Randolfe Rodrigues (Rede) e mira eventuais omissões do governo federal no combate à pandemia. O chefe do Executivo também citou o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Como adiantou o Correio, o Planalto pressiona os parlamentares, nos bastidores, para retirarem assinaturas, ou ampliar o escopo da CPI para atingir governadores e prefeitos. Na conversa com Kajuru, divulgada neste domingo (11/4), Bolsonaro diz que "tem que fazer do limão uma limonada" e reclama que a comissão só vai ouvir gente do governo.
"Se não mudar a amplitude, a CPI vai simplesmente ouvir o Pazuello, ouvir gente nossa, para fazer um relatório sacana. Tem que fazer do limão uma limonada. Por enquanto, é um limão que tá aí. Dá para ser uma limonada", disse o presidente ao senador.
Em um vídeo publicado junto com a gravação, Kajuru apoia as declarações do presidente. O chefe do Executivo reclama que as diligências vão ter ele como foco. "A CPI hoje é para investigar omissões do presidente Jair Bolsonaro, ponto final. Quer fazer uma investigação completa? Se não mudar o objetivo da CPI, ela vai vir só pra cima de mim. O que tem que fazer para ser uma CPI que realmente seja útil para o Brasil? Mudar a amplitude dela. Bota governadores e prefeitos. Presidente da república, governadores e prefeitos", completou Bolsonaro.
Em um momento da ligação, o presidente continua pressionando o parlamentar, desta vez para ingressar com pedidos de impeachment contra ministros do STF. "Tem de peticionar o Supremo para colocar em pauta o impeachment (de ministros) também...Sabe o que eu acho que vai acontecer, eles vão recuperar tudo. Não tem CPI, não tem investigação de ninguém do Supremo,” disse Bolsonaro.
A CPI deve ser instalada na próxima terça-feira (13/4), por determinação do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na quarta, a Corte se reúne para avaliar a decisão de Barroso. A tendência é de que os demais magistrados confirmem a decisão, por maioria.