TRATAMENTO PRECOCE

Bolsonaro chama de canalha quem critica uso de 'tratamento precoce'

A declaração do presidente ocorreu durante visita a uma família em São Sebastião após ter sido questionado por uma das moradoras a respeito das ações do governo contra a pandemia.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender, nesta sábado (10/04), o que chama de tratamento precoce contra a covid-19 e chamou quem critica a medida de "canalha". No entanto, as medicações como cloroquina, ivermectina e nitazoxanida não possuem comprovação científica contra o vírus. A primeira, em março, teve o uso fortemente desaconselhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A declaração do presidente ocorreu durante visita a uma família em São Sebastião, após ter sido questionado por uma das moradoras a respeito das ações do governo contra a pandemia.

"Tem muito médico que aplica o tratamento imediato, que é combatido por canalhas. Porque o canalha fala que não serve para nada, mas não aponta alternativa. Deixa o médico trabalhar. O médico tem liberdade para receitar o que ele achar que deve ser receitado com conhecimento e com concordância do paciente", disse.

O chefe do Executivo reconheceu que ainda não existe medicamento comprovado contra a doença, mas alegou que alguns, por experiência de médicos, têm demonstrado ser válidos.

“Nós sabemos que não tem nenhum remédio com comprovação científica ainda [de eficácia contra a covid-19]. Nenhum; mas tem alguns que a experiência, a observação por parte de médicos, tem demonstrado que é válido. Então deixe o médico em paz, deixe de agir como canalha.”

Bolsonaro aconselhou ainda a quem não tiver remédios opcionais para indicar contra a doença "calar a boca" e deixar o médico trabalhar com as receitas "off label". Ele voltou a citar como exemplo Chapecó (SC), onde esteve reunido no último dia 7 com o prefeito local, João Rodrigues (PSD). O mandatário elogiou Rodrigues por incentivar o uso do inexistente "tratamento precoce", o qual disse ter sido o responsável por diminuir casos na cidade. Porém, a cidade catarinense aderiu ao lockdown por 14 dias, além de adotar medidas de distanciamento social, uso de máscara e álcool em gel.

"Esse canalha; se ele não tem um remédio para indicar, cale a boca, deixe o médico fazer o papel dele que eu não sou médico, nem você. Deixa o médico trabalhar. Temos informações de municípios, como estive em Chapecó lá, do prefeito João Rodrigues. Estive lá. Ele faz o tratamento imediato, os médicos têm liberdade, não são perseguidos e o índice de pessoas que vão para o hospital cada vez menor", completou.

Por fim, afirmou novamente que Chapecó deve ser tomado como exemplo pelo resto do país e negou que as UTIS da cidade estejam cheias. Um boletim da Secretaria de Saúde municipal na semana passada mostrou que tanto os leitos de UTI público e privados estavam com 100% de ocupação.

"A imprensa mente quando diz que está tudo cheio lá em Chapecó. Não é verdade. O que está cheio são os hospitais que já existiam. Lá tem um centro de convenção que foi transformado em hospital está lá com dezenas de leitos pronto para receber possíveis paciente e está vazio. Então Chapecó, o João Rodrigues deu certo. Use isso no Brasil, deem liberdade para o seu médico trabalhar", concluiu.

Saiba Mais