Durante posse no Palácio do Planalto nesta terça-feira (6/4), o novo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, defendeu que o momento em meio à pandemia é de urgência nos setores da saúde, economia e na área do desenvolvimento sustentável. O chanceler ressaltou que a atuação do Itamaraty será de "diplomacia da saúde", fazendo contato com outros governos e laboratórios para mapear vacinas contra covid-19 disponíveis, assim como remédios necessários para tratamento de casos graves.
O discurso mostra a promessa de uma gestão mais moderada e sem tanto ideologismo, diferentemente da condução do ex-ministro Ernesto Araújo. Mesmo sem nunca ter comandado uma representação do Brasil no exterior, França é tido como um diplomata mais ponderado e tido ao diálogo. O ex-chanceler foi exonerado após intensa pressão de congressistas, que avaliaram uma completa falta de ação por parte de Araújo no âmbito da pandemia, e a condução de uma política externa muito falha.
"São aportes da frente externa que podemos e devemos trazer para o esforço interno de combate à pandemia. Aportes que não bastam em si, mas que podem ser decisivos. Meu compromisso é com a intensificação e a maior articulação das ações em curso, maior articulação no âmbito do Itamaraty, maior articulação com outros órgãos públicos, com o Congresso Nacional. Assim serão maiores as chances de que nosso trabalho diplomático se traduza em resultados para a vida dos brasileiros", disse França.
O ministro acenou ao presidente americano Joe Biden ao destacar compromisso em engajar o Brasil em intenso esforço de cooperação internacional, sem exclusões, e abrir novos caminhos de atuação diplomática, sem preferências por um país ou outro. Ele ainda observou a necessidade de estreitar o relacionamento do país com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
“Não há modernização sem a exposição do país aos mais elevados padrões de políticas públicas. Por isso, é importante nosso cada vez mais estreito relacionamento com a OCDE. Não há modernização sem abertura ao mundo e por essa razão a nossa política externa tem um sentido universalista, sempre guiado pela proteção de nossos legítimos interesses”, defendeu.
O ministro também falou sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC), dizendo que está trabalhando por uma iniciativa sobre comércio e saúde. "E recebemos de modo positivo as declarações da nova diretora-Geral (Ngozi Okonjo-Iweala) sobre a necessidade de um consenso amplo que garanta acesso a vacinas, com mais produção e melhor distribuição", afirmou, pontuando que a tarefa não é simples, mas que os recursos da diplomacia brasileira "permanecerão mobilizados para atender às demandas das autoridades de saúde".
Defesa do meio ambiente
Na área climática, ele reforçou a oportunidade de manter o Brasil na vanguarda do desenvolvimento sustentável e limpo, afirmando ser preciso mostrar ao mundo uma matriz energética que é predominantemente renovável.
"Um setor elétrico que é três vezes mais limpo do que a média mundial e já pode ser considerado de baixo carbono. Temos a mostrar uma produção agropecuária que, além de ser capaz de alimentar o planeta, tem a marca da sustentabilidade. Quarenta anos de investimentos em ciência nos permitiram produzir mais com relativamente menos terra e com melhor uso do solo. Quem importa alimentos do Brasil, presidente Bolsonaro, importa tecnologia”, disse.
França disse ainda que o país possui uma das mais rigorosas legislações ambientais, que é das mais rigorosas do mundo. “Não se trata de negar os desafios, que obviamente persistem. O fato é que o Brasil, em matéria de desenvolvimento sustentável, está na coluna das soluções”, emendou.
O novo ministro ressaltou que o diálogo é essencial na resposta às questões sanitária, econômica e ambiental. “Continuaremos a apostar no diálogo como método diplomático. Método que abre possibilidades de arranjos e convergências que sempre soubemos explorar em nosso favor. O consenso multilateral bem trabalhado também é expressão da soberania nacional.
O chanceler completou dizendo que o diálogo apenas não é suficiente, mas que é necessário a união dos Três Poderes e da população.
“Não será suficiente dialogar com outros países. Esse é o mínimo, é a alma do nosso negócio. Diante das urgências que somos chamados a enfrentar, e no encaminhamento de tantas outras questões, manterei canais abertos também dentro do nosso país com meus colegas de Esplanada, com os Poderes da República, com os setores produtivos, com a sociedade. São canais indispensáveis, inclusive, na solução de pendências administrativas que legitimamente afligem os integrantes do serviço exterior brasileiro”, concluiu.
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