Ao lado do ministro da Defesa, Braga Netto, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, neste sábado (3/4), que as Forças Armadas “estão à disposição para começar a vacinar, para colaborar na vacinação". “Praticamente todos os quartéis do Brasil tem essa condição. Da Marinha, do Exército e da Aeronáutica”, disse. As falas foram feitas em Itapoã, no Distrito Federal, na Associação Beneficente Cristã Casa de Maria — Beth Myriam, que distribui sopa para população carente na região.
O presidente foi ao local junto com Braga Netto e fez uma transmissão ao vivo pelas suas redes sociais em uma semana de intensa crise entre o Palácio do Planalto e militares, após demitir o ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e os três comandantes das Forças Armadas. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, falou sobre o mesmo assunto em coletiva de imprensa neste sábado, dizendo ter conversado com Braga Netto e Bolsonaro.
"Por determinação do nosso presidente, que está pessoalmente empenhado em aumentar a cobertura vacinal do país, nós teremos o apoio das Forças Armadas, seja na logística de distribuição de vacinas, seja através do corpo técnico da Saúde, ajudando Estados e municípios a vacinar a população brasileira de uma maneira muito efetiva", afirmou.
O próprio ministro, entretanto, destacou que o problema no país não é capacidade de vacinação, mas falta de imunizante. “Uma das coisas que o nosso sistema de saúde faz muito bem é vacinar. nós temos mais de 37 mil salas de vacinação em todo o país e temos uma capacidade de vacinação ainda ociosa, que é ociosa por uma série de motivos, mas sobretudo por falta de vacina”, garantiu.
Queiroga relatou que já existe o apoio dos militares durante a pandemia, com participação nos programas de imunização. “É só ampliar, na parte logística, na parte operacional", explicou, ressaltando a capacidade dos fardados em fazer os insumos chegarem às áreas mais remotas do país, característica que ajuda "estados e municípios a vacinar a população brasileira de maneira muito efetiva".
O chefe da Saúde não especificou de que forma esse apoio interministerial seria fortalecido. "O presidente, eu e o ministro Braga Netto conversamos hoje. Então, ainda não podemos ter um plano detalhado", disse. Mas, de acordo com as falas do próprio mandatário, a ideia é ampliar a capacidade de distribuição das vacinas, colocando militares na linha de frente das aplicações, começando dentro dos quartéis.
No Ministério da Defesa já existe uma ampla operação dos militares para logística e apoio na vacinação durante a pandemia do coronavírus, com o transporte de pacientes, medicamentos, insumos, vacinas, segurança da mercadoria e, caso solicitado pelo Ministério da Saúde, auxilia na vacinação - no geral, em regiões distantes e de difícil acesso, como aldeias indígenas na Amazônia.
Em nota, o Ministério da Defesa respondeu dizendo que “apoia a vacinação contra a covid-19 desde o primeiro dia da campanha, em 19 de janeiro de 2021”. “Na ocasião, as aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) transportaram doses da vacina para 11 capitais, além do Distrito Federal. Caso sejam demandadas novamente, as Forças Armadas estão em condições de apoiar a vacinação da população em geral, mediante coordenação com o Ministério da Saúde e demais órgãos envolvidos”, pontuou.
A Defesa ressaltou também que as Forças Armadas “sempre estiveram envolvidas na distribuição de vacinas para populações e comunidades indígenas em locais de difícil acesso”. “Até o momento, 194.734 doses de vacina foram aplicadas, em 13 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIS), com o apoio dos Comandos Conjuntos da Operação Covid-19, coordenada pelo ministério”, apontou.
A pasta informou, ainda, que militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica também estão prestando apoio logístico aos postos de vacinação das secretarias municipais de saúde de seis capitais. “As Forças Armadas atuam na Operação Covid-19 desde 20 de março de 2020. À época, o Ministério da Defesa ativou dez Comandos Conjuntos e 34 mil militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica assumiram a missão de salvar vidas”, frisou.