COVID-19

Guedes diz que "chinês inventou o vírus" e cria novo embate diplomático

Declaração do ministro da Economia pode interferir, por exemplo, na importação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) da China, necessário para a produção de doses da vacina CoronaVac no Brasil

Marina Barbosa
Maria Eduarda Cardim
postado em 27/04/2021 17:19
 (crédito: AFP / EVARISTO SA)
(crédito: AFP / EVARISTO SA)

Em meio ao cenário ainda caótico da pandemia da covid-19 no Brasil, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira (27/4) que o Estado brasileiro não tem capacidade fiscal para atender a demanda crescente da Saúde. O ministro afirmou também que a China "inventou" o novo coronavírus e, ainda assim, produziu uma vacina "menos eficiente" que o imunizante desenvolvido nos Estados Unidos.

"O chinês inventou o vírus. E a vacina dele é menos efetiva que a do americano. O americano tem 100 anos de investimento em pesquisa", disse Guedes, durante reunião do Conselho de Saúde Suplementar realizada, de forma presencial, em Brasília, hoje. Guedes ainda cravou que a vacina da Pfizer "é melhor que as outras".

Defensor do imunizante que chega nesta quinta-feira (29) ao país, o chefe da equipe econômica, no entanto, foi vacinado com a chinesa Coronovac no mês passado. Na ocasião, ele afirmou que "todo mundo acha que é bom, vamos nos vacinar". Segundo a enfermeira que vacinou Guedes, ele deveria tomar a segunda dose da Coronavac nesta semana. A assessoria do Ministério da Economia não confirmou, no entanto, se o ministro foi completar a imunização.

Paulo Guedes ainda disse que o Estado brasileiro não tem capacidade de investimento para acompanhar a demanda crescente pelos serviços públicos de saúde. Ele, no entanto, não creditou à pandemia de covid-19 a maior procura pelos serviços de saúde, mas ao "avanço da medicina" e ao "direito à vida", que têm aumentado a expectativa de vida dos brasileiros. 

Vídeo apagado

O ministro não sabia que a reunião do Conselho de Saúde Suplementar estava sendo transmitida Na internet pelo Ministério da Saúde. Quando percebeu a transmissão, pediu para que suas declarações não fossem "para o ar". O vídeo da reunião foi, então, apagado das redes sociais do Ministério da Saúde. A pasta alegou problemas técnicos para justificar a retirada do vídeo.

Com isso, o governo tenta evitar uma nova crise diplomática da China, que já se queixou das críticas do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao 5G da China. O filho do presidente Jair Bolsonaro disse, no ano passado, que o Brasil iria apoiar uma "aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China".

Embate diplomático

O Itamaraty chegou a intervir na questão. Afinal, como Guedes costuma ressaltar, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Na pandemia da covid-19, por exemplo, as exportações brasileiras para a China cresceram e ajudaram a amenizar o tombo da economia brasileira, enquanto os negócios com os Estados Unidos caíram.

O novo embate gerado pelo ministro da Economia pode interferir, por exemplo, na importação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) da China, necessário para a produção de doses da vacina CoronaVac no Brasil. O Instituto Butantan aguarda a liberação de um lote de 3 mil litros do insumo para continuar a produção da vacina no país. 

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