O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta segunda-feira (19/4), que quem votar no ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva "merece sofrer". A declaração ocorreu durante conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, onde o mandatário repetiu críticas ao petista. Apesar de dizer que não se importa com reeleição, o chefe do Executivo vem articulando e tentando garantir seu posto em 2022. Ele comentou ainda sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a anulação das decisões judiciais relacionadas a Lula na 13ª Vara Federal de Curitiba. Com o julgamento do Supremo, Lula fica livre para concorrer à presidência da República em 2022.
"Foi 8 a 3 o placar lá. Interprete como quiser. Agora, um povo que porventura vote num cara desse é um povo que merece sofrer. Igual teve algumas prefeituras que no ano passado os caras deitaram e rolaram no lockdown e reelegeram o cara. Querem o quê? Olha BH... Mais uma semana e o meu gordinho ia para o segundo turno lá, hein?", disse, se referindo ao deputado Bruno Engler (PRTB).
Bolsonaro observou ainda que deverá escolher um novo partido até o fim de abril, uma vez que o Aliança pelo Brasil não ficará pronto a tempo das eleições.
"Para o Aliança é muito pequena a chance. Já tô atrasado, e não tem outro partido. Espero que este mês eu resolva", disse. "Abril tá bom. O duro foi quando me candidatei em fevereiro, março né. Em cima da hora", completou.
Ele também falou sobre as indicações para o Supremo em 2023 e ressaltou que não há como "dar um cavalo de pau" no país. "As eleições do ano que vem, quem se eleger indica dois para o Supremo no primeiro trimestre de 2023. Então, se for um cara da minha linha, vai ter quatro que, né... muda as coisas. Alguns querem que dê um cavalo de pau no Brasil, não dá para dar um cavalo de pau no Brasil", defendeu.
O presidente citou a PEC nº 35/2015, que ainda deve ser votada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado (CCJ). A medida dispõe que os próximos ministros da Corte poderão ter mandatos limitado a 10 anos e ser escolhidos a partir de uma lista tríplice. A autoria é do senador Lasier Martins (Podemos-RS). "Quem tá lá vai ficar até o 75 anos. Alguns querem mudar para 10 agora. O que eu vou indicar querem mudar para 10?", reclamou.
Lockdown
Bolsonaro repetiu críticas ao lockdown, medida adotada por governadores e prefeitos em meio à pandemia de covid-19 e disse que para resolver a questão, teria que apelar para a ditadura, o que não fará. "O povão vai aprendendo devagar, vai se interessando. Muita gente vê o problema imediato ali para eu resolver. Só se eu impusesse uma ditadura. A gente não vai fazer isso. Não tem cabimento. Não tem ditadura boa", emendou.
A um apoiador que pediu ao presidente que enviasse um recado para o setor, Bolsonaro alegou que, em seu governo, a classe não tem tido problemas com índios e Movimento Sem Terra. "Olhe o que aconteceu em dois anos do meu governo e governos anteriores: você não tem problema, pelo que eu saiba, de MST invadindo terras de vocês, tá ok? O motivo não vou falar aqui agora, que demora muito. Vocês não estão com problema mais com índio. O Ibama está sendo mais racional com vocês", apontou.
"A gente está fazendo tudo. Eu acho que ninguém está com saudade do PT, não, né? Lembra do abril vermelho? Essa história toda lá? Como é que a gente acaba com isso? Tirando dinheiro dos caras. Os caras pegavam dinheiro via ONG. Dinheiro público. Agora, levo porrada o tempo todo", acrescentou.
Ele citou a Venezuela como exemplo de país autoritário e disparou novos comentários ao PT. "Pessoal, estuda aí. A Venezuela todo mundo sabe como está, né? Só um milagre para voltar o que era antes. Um país riquíssimo. Vê como está os outros países da América do Sul. Quando começa esses regimes autoritários aí... Aquela política... Até tem uma passagem bíblica, se não me engano, quando Jesus dividiu o pão. Depois ele deu uma desaparecidinha, né. Depois o povo foi atrás. Foi atrás de Jesus, para quê? Para mais benefícios pessoais. Fizeram a ligação com o PT dando bolsa isso, bolsa aquilo. A Bíblia, pelo que eu sei, eu sou cristão, é a caixa-ferramenta do cristão, não é isso?"
Sobre corrupção no governo, o mandatário reforçou que "pode ser que aconteça". "Em casa, alguém às vezes faz a besteira. Se fizer, a gente corta o pescoço."
Voto auditável
O presidente voltou a falar em voto auditável. "Eu tenho esperança que em 2022... [ainda temos muitos problemas pela frente, não são fáceis não] 22 com voto auditável a gente consiga mudar realmente o Brasil", declarou.
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