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Pela terceira vez na gestão Bolsonaro, PF tem novo diretor-geral

Horas após tomar posse como ministro da Justiça, Anderson Torres muda a direção-geral da corporação. O escolhido, Paulo Maiurino, será o terceiro a assumir o cargo em dois anos de governo. Instituição está no centro de controvérsia desde o ano passado

Ingrid Soares
Renato Souza
postado em 07/04/2021 06:00
 (crédito: Marcos Corrêa/PR)
(crédito: Marcos Corrêa/PR)

No mesmo dia em que tomou posse como ministro da Justiça, Anderson Torres decidiu trocar o comando da Polícia Federal. Ele nomeou o delegado Paulo Maiurino como diretor-geral da corporação, no lugar de Rolando de Souza, que ficou menos de um ano no cargo — assumiu o posto após o ex-ministro Sergio Moro deixar o governo. A escolha agradou a setores internos da instituição, por ser considerado um nome técnico, com bom trânsito político, o que pode atrair recursos e apoio do Parlamento.

A troca no comando da PF foi autorizada pelo presidente Jair Bolsonaro e é escolha pessoal de Torres. A mudança não deixou de provocar críticas internas, por causa das constantes alterações de gestão — Maiurino será o terceiro chefe da corporação em pouco mais de dois anos de governo.

A direção da PF passou a ser o centro de uma controvérsia no começo do ano passado, quando Sergio Moro deixou o comando do Ministério da Justiça acusando Bolsonaro de tentar interferir politicamente na corporação. De acordo com declarações do ex-juiz, a intenção do presidente era proteger aliados de investigações. Numa reunião ministerial, em abril de 2020, o chefe do Executivo afirmou que ia “trocar o pessoal no Rio de Janeiro” antes que a família dele enfrentasse problemas. Depois da repercussão, disse que se referia ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que faz a segurança pessoal dele e dos filhos.

Um inquérito sobre as acusações de Moro foi aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). As diligências apuram se Bolsonaro, de fato, tentou interferir na atividade policial na Superintendência do Rio. O ex-ministro também é investigado no caso, por suposta falsa comunicação de crime, também a pedido da PGR.

Moro pediu demissão do Ministério da Justiça após Bolsonaro retirar o delegado Maurício Valeixo do comando da PF. O presidente indicou Alexandre Ramagem, atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ao cargo. No entanto a posse foi vetada pelo STF. O chefe do Planalto, então, nomeou Rolando de Souza, em maio.

Torres também fez mudança na Polícia Rodoviária Federal (PRF). No cargo do diretor-geral Eduardo Aggio assume o inspetor Silvinei Vasques.

Mais cedo, Bolsonaro comentou que alterações ocorrem para adequar melhor o ministério. Ele agradeceu a Torres por ter aceitado o convite. “A gente sabe que você, todas as mudanças que efetuará no seu ministério, é para melhor adequá-lo ao objetivo que traçou. Você quer o Ministério da Justiça o mais focado possível para o bem de todos em nosso país”, ressaltou.

Alinhamento

Na posse, ontem, Torres fez um discurso alinhado ao que prega Bolsonaro, um crítico do lockdown, apesar da escalada de casos e mortes pela covid-19. O novo ministro enfatizou que é preciso “trazer de volta a economia deste país, colocar as pessoas para trabalhar”.

“Neste momento, a força da segurança pública tem de se fazer presente, garantindo a todos um ir e vir sereno e pacífico”, frisou. “Contem com o Ministério da Justiça e Segurança Pública para dar essa tranquilidade ao povo brasileiro. Estaremos lá, incansavelmente, não só correspondendo, mas superando expectativas.” (Colaborou Augusto Fernandes)

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