Diante das cobranças de resposta mais efetiva do governo contra a covid-19 e de menos confronto com a classe política, os seis ministros que tomaram posse ontem, em cerimônias reservadas, prometeram mais engajamento nas ações de enfrentamento ao vírus, sobretudo para acelerar a vacinação. Eles também se comprometeram a tentar melhorar a relação do Executivo com os entes federativos.
O discurso mais aguardado era o do novo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França. Devido à gestão ineficiente de Ernesto Araújo à frente do Itamaraty, que afastou o Brasil de importantes parceiros comerciais e dificultou a importação de vacinas contra a covid-19, esperava-se dele uma sinalização de que a sua gestão pode ser capaz de reverter o prejuízo causado pelo antecessor. Como resposta, o novo chanceler ressaltou que a atuação da pasta será de “diplomacia da saúde”, fazendo contato com outros governos e laboratórios para mapear imunizantes disponíveis, assim como remédios necessários para o tratamento de casos graves da doença.
“A primeira urgência é o combate à pandemia da covid-19. Meu compromisso é engajar o Brasil em intenso esforço de cooperação internacional, sem exclusões. E abrir novos caminhos de atuação diplomática, sem preferências desta ou daquela natureza”, enfatizou. Aparentemente, a disposição de França é por uma gestão mais moderada e sem tanto ideologismo, diferentemente do perfil de Ernesto Araújo, que sempre fez ressalvas ao relacionamento do Brasil com a China, por exemplo.
O novo ministro ainda classificou como urgente a adoção de políticas relacionadas ao clima e à economia. Segundo ele, é necessário manter o país na vanguarda do desenvolvimento sustentável e limpo, bem como estreitar o relacionamento com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “A política externa é uma política pública que, como tal, deve estar a serviço das prioridades dos brasileiros”, frisou.
Nova articuladora política do Planalto com o Congresso, a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, falou em proporcionar um melhor relacionamento entre Executivo e Legislativo. Indicada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ela chega à pasta para preencher a lacuna deixada pelo general Luiz Eduardo Ramos, que nunca agradou a todo o Parlamento no trabalho de construção de pontes entre os Poderes.
A deputada do PL do Distrito Federal disse que buscará “pontos de convergência” para o andamento de matérias que promovam avanços ao país. “Temos o desafio de não desorganizar a economia brasileira, preservando os pilares básicos da economia fiscal que vai permitir a retomada do crescimento e dos empregos. Para isso, é fundamental que as reformas continuem andando sob a inspiração e liderança do meu querido amigo, presidente Artur Lira, na Câmara, e também do senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado”, argumentou. “O caminho é um só: a união de todos nós.”
“Perspicácia”
Destoando dos colegas, o novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, esquivou-se de fazer promessas. Desde o anúncio da troca de Fernando Azevedo pelo general, há um temor entre militares de que as Forças Armadas sirvam como instrumento político para Bolsonaro a partir de agora. Não à toa, a troca na pasta motivou a saída dos comandantes de Marinha, Exército e Aeronáutica, na semana passada.
Em breve discurso, Braga Netto apenas destacou que “a Defesa continua com a missão constitucional de defesa da pátria e dos Poderes constitucionais” e que o trabalho “não muda nada” com ele à frente do ministério. “A Defesa estará pronta, presidente, a cumprir o que o senhor determinar, como comandante em chefe, e conforme a sua própria orientação, dentro do que prevê a Constituição”, disse.
Ex-ministro da Casa Civil, Braga Netto deu lugar a Luiz Eduardo Ramos, que também fez um discurso mais simples. Ele comentou que “mudanças são necessárias no processo democrático” e fugiu da polêmica sobre falhas na articulação política com o Congresso quando estava na Secretaria de Governo. “Deixo a Segov com sentimento de dever cumprido. Na realidade, o grande articulador político deste governo foi, é e sempre será Jair Bolsonaro. Eu estava apenas como um auxiliar, aprendendo sempre e me surpreendendo com a sua perspicácia.”
Também tomaram posse Anderson Torres, como ministro da Justiça; e André Mendonça, como advogado-geral da União.
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